Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

24
Abr 10

 

            A origem dessa superstição, referente ao espelho pensa-se que tem a ver com o mito da Grécia antiga sobre Narciso, que se apaixonou pela própria imagem reflectida num lago, mas morreu de inanição ao passar o resto da vida tentando acariciá-la. "Esse mito mostra que a beleza, assim como o reflexo, são efémeros e transitórios. A quebra da imagem representa simbolicamente a própria morte", diz o helenista António Medina Rodrigues.

 

            Na Grécia antiga praticava-se um método de adivinhação chamado catoptromancia, pensa-se que deu outro impulso importante à superstição. Provável precursor da bola de cristal, o método consistia em usar um copo raso ou uma tigela de louça com água para reflectir a imagem da pessoa que queria saber de sua sorte. Se durante a sessão o recipiente caísse e quebrasse, significava que a pessoa iria morrer ou os dias vindouros seriam catastróficos.

 

            Os romanos adoptaram esse costume de adivinhação helénica, acrescentando que a má sorte se estenderia por sete anos, tempo que acreditavam levar para se iniciar um novo ciclo de vida do ser humano. O pânico diante da possibilidade de que o reflexo fosse quebrado existia porque a imagem reflectida era tida como a própria alma da pessoa. Esse tipo de interpretação explica o aparecimento de outras lendas posteriores, como a de que os vampiros não aparecem reflectidos aí, justamente por não terem alma.

 

            Outra explicação vem do fim do século 13, quando surgiram os primeiros espelhos de vidro como conhecemos hoje, na Itália. Na época, esses objectos eram muito caros, e as pessoas que costumavam limpá-los eram advertidas que se o quebrassem teriam muitos anos de azar. No Brasil, os historiadores dizem que essa crença deve ter vindo com os portugueses e se juntado a outras crenças dos índios e de outros povos. Na verdade, tudo isso é apenas superstição, sem nenhum fundamento. O que traz má sorte são ter pensamentos nocivos e ficar pensando neles.

 

            Para os supersticiosos, há duas formas de impedir o azar: moer os cacos do espelho quebrado até que não se possa ver qualquer reflexo ou enterrá-los no chão. Quem acredita nisso diz que o importante é lançar fora o objecto quebrado pois pode atrair energias negativas para o ambiente. No entanto, os vidraceiros garantem que, dependendo do tamanho, o espelho pode ser reaproveitado. Quando não há mais jeito, é reciclado e vira outro.

  

            Provavelmente você dá uma olhada no espelho antes de sair de casa. Dentro de um elevador de paredes espelhadas, é certo que aproveita para ajeitar a roupa ou o cabelo. As superfícies que refletem a luz são tão fáceis de ser encontradas no ambiente urbano que é difícil imaginar o quanto elas foram disputadas no passado.

 

            Tudo indica que a primeira vez que o ser humano viu seu reflexo foi na água. Isso deve ter mudado em cerca de 3000 a.C., quando povos da atual região do Irã passaram a usar areia para polir metais e pedras. Esses espelhos refletiam apenas contornos e formas. As imagens não eram nítidas e o metal oxidava com facilidade.

 

            Pouco mudou até o fim do século 13. Nessa época, o homem já dominava técnicas de fabricação do vidro, mas as peças eram claras demais, e por isso não tinham nitidez. Até que, em Veneza, alguém teve a ideia de unir o vidro a chapas de metal. “Os espelhos dessa época têm uma pequena camada metálica na parte posterior do vidro. Assim, a imagem ficava nítida, e o metal não oxidava por ser protegido pelo vidro”, diz Claudio Furukawa, pesquisador do Instituto de Física da USP. Surgia assim o espelho como o conhecemos até hoje.

 

            Mas este era um produto raro e caro. Os chamados espelhos venezianos eram mais valiosos que navios de guerra ou pinturas de gênios como o renascentista italiano Rafael (1483-1520). A democratização do artigo começou em 1660, quando o rei da França Luís XIV (1638-1715) ordenou que um de seus ministros subornasse artesãos venezianos para obter o segredo deles. O resultado pode ser conferido na sala dos espelhos do palácio de Versalhes.

 

            Com o advento da Revolução Industrial, o processo de fabricação ficou bem mais barato e o preço caiu. “Mesmo assim”, afirma o antropólogo da PUC-RJ José Carlos Rodrigues, “o espelho só se popularizou e entrou nas casas de todos a partir do século 20.”

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 01:11

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