Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

31
Dez 09

 

            A meio do oceano havia um país lindo com árvores a cobrir grandes montanhas. Algumas destas eram tão grandes que pareciam chegar ao céu. Ora nesse país havia um rei que tinha nove filhos muito amigos, e um dia chamou-os e pediu-lhes que lhe dissessem que sítios preferiam, pois ele queria dar uma propriedade a cada um. Todos escolheram montanhas, mas como se entendiam bem, não houve discussões e cada um foi para um dos nove cumes montanhosos do país, tendo marcado encontro para daí a um ano.
 
            Na véspera desse dia eles andavam tão excitados que mal conseguiram dormir. De noite ouviram um grande ruído, e viram com terror que o continente se tinha afundado, ficando à tona de água apenas os nove cumes. Agora a única maneira de comunicarem era de barco, de maneira que deitaram mãos ao trabalho.
             Pouco tempo depois estavam todos a abraçar-se, pois aprenderam a viajar pelo mar, já que agora viviam cada um numa ilha, as ilhas dos Açores.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 
 
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publicado por professorkibersitherc às 23:14

            Iria nasceu em Nabância, cidade que se crê ter existido próximo de Tomar. Seus pais eram nobres e, da educação que recebeu, nasceu-lhe o desejo de servir Cristo; assim, logo que atingiu idade suficiente, entrou para um mosteiro governado por um seu tio, o abade Célio. No convento completou a sua educação através de Remígio, um douto monge.
            Nessa época era senhor de Nabância o príncipe Castinaldo, o qual tinha um filho de nome Britaldo, cavaleiro corajoso, bom e leal.
            A jovem Iria era lindíssima e, uma vez em que atravessava Nabância em procissão com as outras monjas, foi vista por Britaldo que, encantado pela sua formosura, se apaixonou imediatamente. E de tal forma que perdeu o apetite, o sono, a alegria e quase enlouqueceu. Acabou por cair doente e nem o físico nem o boticário conseguiram achar remédio apropriado para curar aquele estranho mal. 
 
            Em sonhos, Deus apareceu a Iria e contou-lhe a desgraçada doença do jovem Britaldo, revelando-lhe ser ela a causadora da enfermidade. Ao acordar, a monja decidiu ir visitar o infeliz ao palácio e tentar dissuadi-lo daquele amor. Assim, depois de rezar as matinas à beira do rio Nabão, como era seu costume, a monja dirigiu-se a casa de Castinaldo a pedir permissão para visitar Britaldo.
            Pousando docemente a usa mão na testa escaldante do enfermo, Iria tentou dissuadi-lo do sentimento que lhe havia inspirado, já que ela se prometera a Deus e jamais faltaria à promessa feita. O cavaleiro fê-la, então, prometer que nunca daria a outro o amor que a ele negava. Iria prometeu e, fazendo-lhe o sinal da cruz na testa, esperou que Britaldo adormecesse e saiu de mansinho, deixando o cavaleiro de novo cheio de saúde.
 
            Passou-se o tempo e, dois anos depois, veio a apaixonar-se por Iria o velho preceptor, Remígio. A monja repeliu-o, primeiro docemente, mas por fim, dada a sua insistência, foi obrigada a usar de áspera severidade. Ferido nos seus desejos, Remígio jurou a si mesmo vingar-se da virgem que assim desprezava os seus favores.
            Muito dado às experiências alquímicas, Remígio, preparou no seu laboratório uma beberagem que, na manhã seguinte, conseguiu que Iria bebesse misturada na sopa do almoço. Algum tempo depois começou a sentir-se vingado: Iria engrossava como se grávida estivesse.
             Segura de si, a virgem, não atinando com a causa do que lhe acontecia, continuou fazendo a mesma vida rotineira do mosteiro. Redobrou, porém, as orações e os cilícios, tentando desse modo provocar uma explicação de Deus para o fenómeno. Mas Britaldo, vendo apenas os efeitos exteriores da poção mágica, sentiu-se traído e decidiu matar Iria.
 
             Incumbiu então um soldado de acabar com a monja, e, conhecendo o seu hábito de rezar matinas à beira do Nabão, mandou o homem esperá-la no local onde de costume se recolhia em oração. Ali a encontrou, pois, o soldado na madrugada de 20 de Outubro de 653. Ali a degolou com uma espada, atirando em seguida o cadáver ao rio.
            Na manhã seguinte, Iria não apareceu e, imediatamente, começou a correr a notícia de que fugira com Britaldo. Mas Deus é grande e, por isso, revelou a Célio a verdade do acontecimento. Este, por sua vez, mandou reunir o povo na igreja e contou-lhe toda a verdade. Inflamado pelas palavras do abade, o povo, juntamente com monjas e monges, iniciou a busca do corpo de mártir.
            Começaram primeiro buscando no Nabão, depois passaram ao Zêzere e, por fim, procuraram no Tejo. Estavam quase a desistir das buscas quando, perto de Scalabis, se lhes deparou um sepulcro de mármore branco onde milagrosamente estava encerrado o corpo incólume de Iria. Quiseram retirá-lo, mas as águas, que tinham baixado de repente para mostrar o túmulo, voltaram a subir, cobrindo para sempre o sepulcro da mártir.
            A tradição medieval acrescenta que, desejando a Rainha Santa venerar o túmulo de Santa Iria, as águas do Tejo tornaram a retirar-se milagrosamente para que lhe fosse possível orar sobre a laje de mármore. Em agradecimento a Deus e à Santa, D. Isabel mandou erigir, ao lado do túmulo, um padrão que assinalasse para sempre o local. Ainda hoje, sucessivamente restaurado, aí se encontra essa marca.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 
 
 

 

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publicado por professorkibersitherc às 20:29

 

            A origem da construção da igreja do Senhor Bom Jesus da Ponta Delgada tem origem num milagre que aconteceu há muitos, muitos anos, quando esta cidade era apenas ainda uma pequena povoação que pertencia a Vila Franca do Campo, na ilha de S. Miguel, nos Açores.
 
            Andava uma mulher a apanhar lapas nas rochas junto ao mar, quando viu de repente um crucifixo com uma imagem de Cristo, em tamanho natural a boiar nas águas. Como o acesso à imagem não era fácil, decidiu voltar à povoação, onde avisou o padre do que tinha visto. Impressionado, o sacerdote acompanhou a mulher à praia, e verificou com os seus próprios olhos a veracidade do sucedido. O padre entrou dentro do mar e retirou a imagem, que foi levada em procissão pela população, que, entretanto se tinha juntado na praia, até à capela de Ponta Delgada.
 
            No dia seguinte, perante o espanto geral, o crucifixo foi encontrado enterrado a prumo na areia da praia, perto do local onde tinha sido achado. A população tornou a levá-lo em procissão para a capela, mas apenas horas mais tarde, aparecia de novo na praia e, desta vez, o crucifixo estava rodeado de canas como que a delimitar a área de um templo.
 
            Respeitando a vontade de Cristo, os habitantes nunca mais retiraram a imagem, e iniciaram ali mesmo a construção de uma igreja, que se veio a tornar na paróquia de Ponta Delgada. Foi construído um muro, para proteger o templo da fúria das águas do mar, mas, diz a lenda, embora as águas ultrapassassem o muro e chegassem ao adro, nunca se atreveram a entrar dentro da igreja.
 
PROF. KIBER SITHERC
 

  

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publicado por professorkibersitherc às 01:12

 

            A cidade de Goa, na Índia, teve vários nomes. Um deles era Goai, o nome de uma linda princesa hindu que, segundo a lenda, viveu num palácio sumptuoso, coberta de jóias e protegida pelo pai, o poderoso Nacrab, que sempre que chegava das suas viagens lhe oferecia presentes cada vez mais incríveis e exóticos.
 
            Um dia, Goai perguntou ao pai de onde vinha toda aquela riqueza ao que ele respondeu que a tinha herdado dos antepassados. Mas Goai não ficou satisfeita com a resposta, e Nacrab mostrou-lhe um ídolo de ouro e esmeraldas, que representava o criador de toda aquela riqueza, ao qual Goai devia prestar culto todas as manhãs, mal o Sol nascesse. Assim fez a princesa, mas permanecia a dúvida no seu espírito, não conseguindo entregar-se, totalmente, àquela devoção. A partir de certa altura, uma pomba branca começou a visitá-la todas as manhãs e, certa vez, pousou na sua cabeça, fazendo-a ouvir uma voz que lhe disse que havia apenas um único Deus criador. Nesse preciso momento, o ícone de ouro e esmeraldas rebentou em estilhaços. Dia após dia, Goai recebia ensinamentos da pomba branca e o seu coração encheu-se de felicidade. Os criados começaram a notar-lhe diferenças, dado que a princesa recusava mordomias, jóias e iguarias e, julgando-a doente, foram informar o pai.
 
            Quando Nacrab soube da boca da filha a razão da mudança de atitude, ordenou-lhe que voltasse a adorar os ídolos, mas esta recusou e decidiu oferecer tudo o que tinha aos pobres, passando a jejuar e a orar. Os súbditos, impressionados, disseram ao rei que iam seguir o exemplo da princesa. Sentindo o seu poder ameaçado, Nacrab decidiu castigar a filha e, perante mais uma recusa de Goai em renegar a sua nova fé, mandou que lhe fossem cortadas ambas as mãos e que a abandonassem no deserto.
 
            Goai caminhou ao acaso até que encontrou uma gruta onde estava uma fera que não a atacou, antes, pelo contrário, lambeu-lhe as feridas e acarinhou-a. Goai passou a alimentar-se de frutos silvestres e da água de uma nascente próxima, dando graças a Deus. Algumas semanas depois, uma gazela ferida foi refugiar-se junto de Goai. Atrás dela ia um caçador cristão, fugido às perseguições de César, que julgou estar perante um milagre pelo facto de Goai viver entre as feras. Goai contou-lhe a sua história e o caçador disse-lhe que se chamava Vicente e que era um lusitano fugido da Península Ibérica num barco que foi ter à Índia. Com o passar do tempo, Vicente apaixonou-se por Goai e pediu-a em casamento, mas esta rogou-lhe que voltasse algumas semanas mais tarde, porque queria saber qual era a vontade do Senhor. Quando Vicente regressou, Goai mostrou-lhe as mãos que Deus lhe tinha devolvido, pois não queria que Vicente tivesse uma esposa sem mãos. Vicente e Goai viveram felizes de tal forma que faziam inveja a certas mulheres que cobiçavam Vicente.
 
            Nasceu um menino belo e forte, como ambos desejavam, mas, logo depois, Vicente foi obrigado a partir, deixando Goai e o filho aos cuidados de uma velha indiana. Algumas mulheres despeitadas aproveitaram a ausência de Vicente para forjarem um documento, supostamente assinado por ele, em que acusava a mulher de traição e a expulsava de casa com o filho que não acreditava ser dele. Goai, que tinha apenas três amores no mundo, Deus, o marido e o filho, obedeceu às ordens que julgava serem de Vicente e foi para umas montanhas longínquas.
 
            Quando Vicente voltou a casa e lhe contaram o sucedido, correu logo a procurar Goai e o filho na gruta onde tinha conhecido a sua mulher. Foi lá que a encontrou e, longe das mentiras dos homens, decidiram viver na gruta, dando origem a Goa, uma cidade que, segundo a lenda, foi fundada por uma indiana e um lusitano.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 
 
         
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publicado por professorkibersitherc às 00:36

30
Dez 09

 
            Na dinastia de Schang, muitos anos antes de Cristo, vivia em terras da velha China uma formosíssima donzela, muito rica e cheia de virtudes.
            Um dia, o pai, que de manhã cedo partira a cavalo, desapareceu misteriosamente. A virtuosa menina chorou amarguradamente, vestiu-se de luto carregado, e recusou-se a receber fosse quem fosse antes de tornar a ver o pai. Os ladrões da vizinhança diziam não o ter visto, os sacerdotes juraram que ele não tinha morrido, mas passou-se um ano sem saberem notícias dele. A mãe, torturada pelas saudades e pelo desgosto, prometeu que daria a mão de sua filha a quem lhe descobrisse o marido.

            Os mancebos da terra partiram, alvoroçados, atravessaram rios e vales, mas tudo foi inútil. Começavam todos a desanimar, quando o cavalo, que naquela malfadada manhã tinha levado seu dono e voltado sozinho, saiu a galopar pelos campos, trazendo o velho senhor há tempo perdido. A satisfação foi geral, fizeram festas e mais festas, apenas o pobre cavalo foi deixado triste e só na cavalariça. Deixou de comer e o seu ar de sofrimento fazia chorar as pedras.

            Intrigado com tal atitude, o velho quis saber o que se passava, e quando a mulher lhe contou a promessa que havia feito, mandou que se dobrasse a ração ao bicho, pois nada mais poderia fazer. As promessas de casamento cumpriam-se, mas não quando se tratava de animais. O certo é que o cavalo nunca mais tornou a comer, e quando a menina passava perto dele ficava fora de si, demonstrando grande nervosismo. A tal ponto chegaram as coisas que resolveram matá-lo com uma flecha.

            Depois de morto e esfolado, puseram a pele a secar, pendurada numa árvore, mas ao passar por ali a formosa donzela sentiu-se envolvida pelos restos do cavalo amoroso, e foi levada pelos ares. Dias depois apareceu a pele estendida em outra árvore, uma árvore estranha, completamente desconhecida, de cujas folhas se alimentava uma pequena lagarta. Foi assim que a menina linda e virtuosa transformou-se em bicho-da-seda.

            Os anos passaram, e um dia apareceu aos pais, já muito velhinhos, montada no tal cavalo, e disse-lhes que era feliz e habitava um outro mundo.
 
PROF. KIBER SITHERC
 

 

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 22:48

 

            Liky-raka é uma grande gruta situada no topo da montanha Uatu Lawa, cerca de três quilómetros acima da estrada entre Baucau e Viqueque. Reza a lenda que há muitos anos atrás, um homem chamado Loi Huno, foi caçar numa gruta. Loi Huno levou com ele uma grande tocha para iluminar a gruta, que era escura e estava habitada por centenas de morcegos.
 
            Passou largas horas a caçar morcegos, e quanto mais tempo caçava, mais fundo ia entrando na gruta. Quando finalmente Loi Huno se apercebeu que tinha ido longe demais, e queria voltar a sair, a sua tocha apagou-se. A escuridão rodeou-o. Loi Huno passou alguns dias a tentar encontrar a saída da gruta, mas sem sucesso. Quando ficou com fome, comeu os morcegos que tinha apanhado e quando já não havia morcegos para comer, começou a comer as próprias roupas.
 
            Um dia, duas cobras compridas, uma preta e outra branca, encontraram o homem perdido. Loi Huno agonizava. As cobras ofereceram-se para o ajudar a encontrar a saída.
 

            Então, decidiu seguir a cobra branca que o guiou por um riacho dentro das montanhas. Era um riacho tenebroso e longo... muito longo…
            Entretanto, na sua aldeia em Viqueque, a família e os amigos de Loi Huno, tinham perdido a esperança de o encontrarem com vida. Ele tinha desaparecido há já um ano, e eles estavam a assinalar o primeiro aniversário, do que eles pensavam ser o dia da sua morte. Durante a cerimónia, começaram a aparecer rachas na montanha Uata Lawu. Um som profundo irrompeu da terra, e esta abriu quando um riacho forte e furioso explodiu em forma de jacto. Tinha irrompido uma queda de água na encosta de Uata Lawu, e Loi Huno estava sentado nu numa das rochas.
            As pessoas olhavam com espanto o que se estava a passar e alguns decidiram dar as suas roupas a Loi Huno, que estava nu.
 
            Com o súbito acontecimento, a cerimónia do aniversário da morte foi transformada numa festa de boas-vindas para Loi Huno. Depois do seu aparecimento miraculoso, Loi Huno nunca mais voltou a ser visto, mas a queda de água continua e é, muito provavelmente, o mais popular parque de merendas de Viqueque nos dias de hoje.
 
PROF. KIBER SITHERC
 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 17:20

 

            Em tempos que já lá vão, vivia na ilha Celebes um crocodilo muito velho, tão velho que não conseguia caçar os peixes do rio.
            Certo dia, morto de fome, decidiu aventurar-se pelas margens em busca de algum porco ou cão, distraído que lhe servisse de refeição. Andou, andou, até cair exausto e desesperado, sem forças para regressar à água.
            Quem lhe valeu foi um rapaz simpático e robusto que teve pena dele e o arrastou pela cauda.
 
            Em paga pelo serviço prestado, o crocodilo ofereceu para o transportar às costas sempre que ele quisesse navegar. Foi assim que começaram a viajar juntos.
            Mas, apesar da amizade que sentia pelo rapaz, quando o crocodilo teve novamente fome, lembrou de o comer. Antes, porém, quis ouvir a opinião dos outros animais e todos se mostraram indignadíssimos. Devorar quem o salvara? Que terrível ingratidão! Envergonhado e cheio de remorsos, o crocodilo resolveu partir para longe e recomeçar a sua vida onde ninguém o conhecesse. Como o rapaz era o único amigo que tinha, chamou-o e disse-lhe assim:
            -Vem comigo à procura de um disco de ouro, que flutua nas ondas perto do sítio onde nasce o sol. Quando o encontrarmos seremos felizes. Mais uma vez viajaram juntos, agora sulcando o mar que parecia não ter fim mas, a certa altura, o crocodilo percebeu que não podia continuar.
 
            Exausto, deteve-se na intenção de descansar apenas um instante mas, logo que parou, o corpo transformou-se numa ilha maravilhosa! O rapaz, que se viu homem feito de um momento para o outro, verificou, encantado, que trazia ao peito o disco de ouro com que o crocodilo sonhara.
            Percorreu então as praias, as colinas e as montanhas e compreendeu que aquela era a ilha dos seus sonhos. Instalou-se e escolheu o nome para a ilha. Chamou-lhe Timor, que­ significa "Oriente".
            Como já devem ter percebido, esta lenda surgiu para tentar explicar a forma especial que tem a ilha de Timor. Parece um crocodilo a nadar.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 16:29

 

            Lia ni’an é como se chamam os contadores de histórias em Timor. São eles quem através de gerações foram mantendo vivas as histórias tradicionais da ilha. É nestas histórias que aqui se mostram, como em tantas outras que ainda se ouvem nas vozes timorenses, que assenta a luta de um povo contra o esquecimento.
 
            Houve uma altura em que ir da Terra ao Céu e voltar à Terra era a coisa mais fácil de fazer. Para o fazer, só era preciso subir a uma planta trepadeira, chamada calêic, que ligava o Céu à Terra.
 
            Havia uma mulher que tinha por hábito subir pela planta trepadeira para ir buscar lenha. Um dia subiu como habitualmente fazia mas demorou tanto tempo que o marido, zangado, cortou a planta trepadeira antes de ela descer. Desde aí o Céu e a Terra ficaram separados para sempre. A população de Ramelau acredita que esta planta trepadeira estava no topo da montanha chamada Darolau e que a raiz ainda lá está.
 
            Para a população da costa sul, esta planta trepadeira é originária de um lugar chamado Ria-Tu, onde ainda está uma pedra a marcar o local. As pessoas de Matebían, no entanto, têm a certeza absoluta que a planta trepadeira era de Quelicai, onde dizem que também ainda é possível ver a raiz da mesma. De acordo com as pessoas que vivem na costa Este da ilha, era em Mua-Pitini, distrito de Lautém, que se podia subir ao Céu.
 
PROF. KIBER SITHERC
 

 

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publicado por professorkibersitherc às 15:35

 

            Há muitos séculos atrás tinham sido um povo só. Lundas e tchokwes saíram do mesmo núcleo, a grande diferença é que os Lunda ficam no seu território desde sempre, os tchocwe transformam-se num grupo de extrema mobilidade que a partir do século XVI percorre todo o país. São essencialmente caçadores e comerciantes saindo, por isso, em busca de marfim borracha, etc. Essa extrema mobilidade não lhes permite desenvolver estruturas políticas tão pesadas como era a hierarquia da Mussumba, por isso fazem aquilo que se chama a diáspora Tchokue, inflectem para o sul, dividem os Nganguela ao meio. Angola tem Tchokwe em todo o território. No final do século XIX os Tchokwe regressam ao seu território de origem, tomam, militarmente, o poder dos Lunda e absorveram as suas instituições. As duas realidades Tchokwe no século XIX misturam-se outra vez. A invasão Tchokue é coincidente com a conferência de Berlim, e o traçar das fronteiras em África leva a que do lado de Angola fiquem misturados Lundas e Tchokwes, mas a Mussumba do Matchiamvua que era a sede do poder Lunda fica do lado do Zaire por imperativos da conferência de Berlim.
            A lenda da galinha de Deus é de origem Tchokwe, do nordeste de Angola.

 
            Um dia o Sol foi visitar Deus. Deus ofereceu ao Sol uma galinha e disse-lhe: “Regressa de manhã antes de te ires embora”. De manhã a galinha cacarejou e acordou o Sol. Quando o Sol revisitou Deus, ele disse-lhe: “Não comeste a galinha que te dei para o jantar. Podes então ficar com a galinha mas deves regressar aqui todos os dias.” Daí a razão porque o Sol circula a terra e nasce todas as manhãs.
 
            A Lua também foi um dia visitar Deus e também recebeu uma galinha como presente. De manhã a galinha cacarejou e acordou a Lua e Deus voltou a dizer-lhe: “Não comeste a galinha que te dei para o jantar. Podes então ficar com a galinha mas deves regressar aqui em cada vinte e oito dias.” Daí a razão porque a circulação total da Lua dura vinte e oito dias.
 
            Um homem foi visitar Deus recebendo também uma galinha como presente mas o homem estava com fome depois de tão longa caminhada e comeu parte da galinha para o jantar. Na próxima manhã já o Sol estava bem alto quando o homem acordou. Comeu o resto da galinha, visitando Deus em seguida. Deus disse-lhe: “eu não ouvi a galinha cacarejar esta manhã.” O homem com certo receio respondeu: “eu tive fome e comi-a.” “Está bem,” disse Deus, “mas ouve, tu sabes que o Sol e a Lua estiveram aqui e nenhum deles matou a galinha que lhes ofereci.” Essa é a razão que nem o Sol nem a Lua morrerão um dia. Mas tu mataste a tua galinha e assim deves morrer como ela. Porém, à tua morte, deves regressar aqui outra vez.” E assim foi.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 
Povos de etnia tchocwe (Nordeste de Angola)
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publicado por professorkibersitherc às 01:57

29
Dez 09

 

            Na corte britânica de Eduardo III, vivia um homem de sangue plebeu e alma nobre, Roberto Machim, que tinha como melhor amigo e companheiro de armas o fidalgo D. Jorge. Roberto Machim era um homem sensível e tinha o dom da palavra, por isso, D. Jorge veio pedir-lhe para ir com ele esperar a sua jovem e bela prima, Ana de Harfet, que D. Jorge queria impressionar. Os primeiros olhares e as primeiras palavras trocadas, entre Ana de Harfet e Roberto Machim, foram suficientes para que surgisse um amor tão intenso, que resignou sinceramente D. Jorge.
 
            Mas os pais de Ana de Harfet, não aceitaram uma união com um pretendente de tão baixa linhagem, e ordenaram o casamento de Ana com um dos fidalgos da corte. Roberto Machim, não escondeu, nem a sua cólera nem a sua intenção de lutar por Ana, e foi preso por ordem do rei durante alguns dias, enquanto uma cerimónia de casamento se realizava.
 
            À saída da prisão, esperava o seu fiel amigo D. Jorge, que obteve a informação que Ana estava a morrer de amor por ele. Com a ajuda de D. Jorge, Ana e Roberto fugiram num barco em direcção a França, mas uma violenta tempestade desviou para uma ilha paradisíaca.
 
            Ana, encontrava-se doente após tanto tempo no mar, desembarcaram na enseada que é hoje a baía de Machico. O seu desespero por terra firme era tal, que saíram sem tomarem as devidas providências quanto à ancoragem do barco. Não se aperceberam que nova tempestade se avizinhava. Procuraram refúgio por entre as raízes de uma árvore frondosa que lá se encontrava, o diâmetro da circunferência do tronco era tal, que na sua base, havia uma concavidade que conseguia albergar muita gente, sem que houvesse falta de espaço.
 
            Após amainar a tempestade aperceberam-se que o mar tinha-lhes levado o barco. A dama desesperada, cujo estado de saúde estava já debilitado, viria a falecer passados poucos dias. Machim ergueu uma enorme cruz em madeira, junto à sepultura da sua amada (perto da frondosa árvore onde haviam encontrado abrigo), e foi afectado por uma tal melancolia, que em menos de uma semana juntou-se à sua amada na morte.
 
            Todos os restantes membros da expedição que ficaram lá tentaram sobreviver, alguns sucumbiram, outros resistiram até à passagem de um barco de mouros, que os levou para o Norte de África como escravos para serem vendidos. Um destes teria sido resgatado por cristãos, que faziam negócios com os africanos. Assim os que escaparam contaram a saga de Machim, e assim chegou aos rumores dos portugueses.
 
            A lenda refere que os “primeiros” descobridores portugueses, quando aí chegaram alguns anos depois, conseguiram descobrir uma cruz de madeira e a inscrição. Ergueram a primeira capela da ilha e assim atribuindo o nome de Machico em honra dessa inscrição. A origem destes relatos é duvidosa, pois não há relatos escritos do achado da cruz pelos descobridores portugueses e, segundo se consta, baseia-se em registos desses sobreviventes que ficaram nos arquivos marítimos ingleses.
 
PROF. KIBER SITHERC
 

 

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Sensuais - Recados e Imagens (4830)

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 23:41

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