Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

22
Out 10

 

            Santo António nasceu em Lisboa em 1195, tendo ingressado, ainda muito jovem, na Ordem dos Franciscanos. Era um pregador culto e apaixonado, conhecido pela sua devoção aos pobres e pela habilidade para converter heréticos.

 

            Leccionou teologia em diversas universidades europeias e passou os seus últimos meses de vida em Pádua, Itália, onde viria a falecer, em 1231.

 

            A Igreja Católica canonizou-o menos de um ano depois da sua morte e em 1934 o Papa Pio XI proclamou-o segundo padroeiro de Portugal, a par de Nossa Senhora da Conceição.

 

            Santo António é vulgarmente considerado como um santo casamenteiro, pois, segundo a lenda, era um excelente conciliador de casais.

 

            É particularmente venerado na Cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado municipal. Contudo, as festas em honra de Santo António começam logo no dia 12 com a realização dos Casamentos de Santo António, evento inserido nas Festas da Cidade.

 

            Este acontecimento, de grande relevo para Lisboa, comemorou no ano passado o seu Cinquentenário; foi em 1958 que 26 casais ficaram unidos pelo matrimónio na Igreja de Santo António. A iniciativa foi patrocinada pelo Diário Popular e por comerciantes locais.

 

            O objectivo daquela iniciativa era possibilitar o matrimónio, apadrinhado por Santo António, a casais com maiores dificuldades económicas, uma vez que os noivos seleccionados eram presenteados com um enxoval e equipamentos domésticos.

 

            Curiosamente, naquela época, era exigida uma garantia de virgindade, provada clinicamente.

 

            As Noivas de Santo António contaram, desde cedo, com o apoio do município de Lisboa, bem como da sua população, transformando-se rapidamente num acontecimento incontornável, inserido nas Festas Populares da Cidade. E assim, ia crescendo a fama casamenteira do Santo António.

            Em 1974, esta tradição foi interrompida. Mas, em 1997, a Câmara Municipal de Lisboa recomeçava a patrocinar o matrimónio entre os casais mais desfavorecidos, para que estes pudessem unir as suas vidas, nesta data tão importante para a cidade de Lisboa.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 23:17

 

            A povoação de Coruche, de que não se conhece a origem com segurança, existe desde época muito remota, havendo achados vários que atestam a presença humana desde o Paleolítico. Situada junto a uma encosta na margem direita do Rio Sorraia, possuía no alto do monte uma fortaleza, construída pelos Romanos, que os árabes arrasaram no ano de 1180, nunca mais se reedificando e dela restando apenas vestígios.

 

            Conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques em 1166, foi 10 anos depois doada pelo mesmo rei à Ordem de Avis. E em 1180 os mouros numa investida traiçoeira para conquistarem as terras em poder dos cristãos, arrasaram-lhe a fortaleza e com ela a Vila onde não sobrou pedra sobre pedra. Dois anos mais tarde D. Afonso Henriques, já Rei de Portugal, reconquistou-a, mandou-a reedificar e povoar, concedendo-lhe fartos privilégios. Além do foral que lhe foi doado a 26 de Maio de 1182 por D. Afonso Henriques, sete anos mais tarde D. Sancho I confirmou-o em absoluto.

 

            Foram-lhe outorgados mais dois novos forais: um que lhe foi conferido por D. Afonso II em Santarém a 29 de Janeiro de 1218 e no qual eram ampliados os privilégios de que gozava à mercê dos dois forais anteriores e o outro doado por D. Manuel I em 28 de Março de 1513 em que esses privilégios ainda sofreram maior amplitude.

            Os descendentes de D. Afonso de Noronha eram os alcaides-mores e comendadores da vila.

 

            Com início no século XVI, estas festas realizavam-se inicialmente a 2 de Julho, mas por carta régia de D. Manuel foram transferidas para o dia 15 de Agosto. As festas populares de Coruche, tal como hoje se apresentam, remontam há cerca de 40 anos, quando deixaram de ser uma festa exclusivamente religiosa para integrar uma parte profana, na qual se englobam as representações comerciais e industriais, touradas, espectáculos musicais, exposições, provas desportivas e o tradicional Cortejo Etnográfico e do Trabalho, que se realiza no dia 17.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 22:33

 

            Matosinhos é uma das maiores cidades do distrito do Porto, localizada no norte de Portugal, no noroeste da Península Ibérica, no lado direito do rio Douro. Situada ao lado da cidade do Porto, possui uma grande área banhada pelo Oceano Atlântico. Matosinhos é uma cidade com grande desenvolvimento industrial, que procura manter ao mesmo tempo as suas tradições populares.

 

            Temperadas pela ancestralidade cultural, as festas e as romarias são uma forma de os matosinhenses expressarem aos santos a sua profunda devoção, num apelo de bênçãos e graças para momentos difíceis, em especial ante a ira dos elementos naturais que, tanto em terra como no mar, tanto os afagam de pão, paz e alegria, como lhes trazem horas de profunda inquietação, angústia e dor.

 

             Entre o religioso e o profano, nas festas e romarias há convívio e diversão, compra-se toda a gama de artefactos, ou, simplesmente, cumpre-se a tradição de ver e rever amigos e conhecidos e, quem sabe, arranjar namoro no adro das igrejas, um sabor querido de outros tempos.

 

            A Festa do Senhor de Matosinhos é um momento alto entre as romarias do concelho e do norte do país, tendo adquirido novas dinâmicas com as notáveis acessibilidades com que Matosinhos foi dotado.

 

            Decorre durante os meses de Maio e Junho, prolongando-se por quase três semanas de festividades religiosas e actividades lúdicas, culturais e desportivas. Milhares de lâmpadas iluminam o espaço da festa e a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, cujos altares são artisticamente decorados com lindíssimas flores.

 

             No templo, obra de Nasoni, rezam-se sermões e missas, de festa e solenes, e sai uma grandiosa procissão ao Senhor do Padrão. Bandas de música animam as ruas e os tradicionais coretos, expõe-se artesanato, rememoram-se lendas e tradições, mostra-se o Inventário do Património Arquitectónico e Religioso de Matosinhos ou, em jeito de festival, divulgam-se os receituários gastronómicos de peixes e de mariscos.

 

             Entre o fogo de bonecos, na terça-feira à tarde e o esplendoroso fogo-de-artifício de sábado à noite, há matraquilhos, carrosséis e carrinhos de choque, farturas, sardinhas assadas e caldo verde ou, forma suprema de ir à festa, comprar louça tradicional nas barraquinhas da Feira da Louça.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 21:08

 

            Conta-se nos açores que Nossa Senhora havia abençoado a aranha. Isso teria acontecido quando Nossa Senhora e São José, na companhia do Menino Jesus, iam a caminho do Egipto. Procurando despistar os soldados de Herodes, que se avizinhavam, a Sagrada Família apressou-se a tomar refúgio numa gruta.


            Foi então que uma aranha, com a maior rapidez, teceu uma enorme teia à entrada dessa gruta. Os soldados, quando por lá passaram, viram a teia e continuaram na marcha, convencidos que ninguém estaria na gruta, pois que a teia ter-se-ia rompido se alguém penetrasse nesse esconderijo.

 

            Também havia a crença nos Açores que as bruxas que transformavam em aranhas.

 

            No seu livro “Açores, Lendas & Outras Histórias”, Ângela Furtado Brum transcreveu a estranha metamorfose ocorrida na ilha Graciosa, em princípios do século passado, quando uma feiticeira, disfarçada em aranha, matava os bebés chupando-lhes o sangue.


           Desnecessário acrescentar que tal ocorrência é pura fantasia e simplesmente inacreditável.


            Uma outra lenda, muito engraçada e bastante ingénua, referia-se a um ferreiro que sofria de maleitas, e por isso bebia coisas azedas para se livrar delas. Visto que maleitas detestam coisas azedas, elas foram queixar-se a uma aranha, que vivia na casa dum homem rico.


            As maleitas tiveram conhecimento que a tal aranha andava descontente, porque as empregadas que faziam a limpeza na casa do homem rico, estavam sempre a desmanchar as teias que a aranha tecia.


            Determinaram, assim, trocar residências. As maleitas passaram a viver contentes na casa do homem rico, uma vez que este tomava coisas boas, enquanto a aranha sentiu-se feliz na companhia do ferreiro, visto que ele nunca limpava as teias da forja.


            O Dr. José Leite de Vasconcelos (Etnografia Portuguesa, Volume IX, Edição 1985), escreveu que uma tecedeira, sua vizinha, não se atrevia a desmanchar as teias de aranha, porque receava que o diabo lhe viesse enredar o trabalho no seu tear. Uma outra tecedeira estava convencida que a aranha era mais curiosa, mais desembaraçada e mais ligeira, do que ela própria. Há quem chame tecedeiras às aranhas, e há quem diga que as tecedeiras aprenderam com a aranha a fazer a mesma felpa.


            O Dr. Luís da Silva Ribeiro anotou que, nos Açores, são muitas as superstições associadas com as aranhas, e quase sempre mais ou menos ligadas a dinheiro.

 
            “Na Terceira quanto mais pequenas são melhor e, segundo alguns, para o dinheiro vir, devem matar-se com o dedo mínimo”. (OBRAS, Volume I, Ed. 1982). José Henrique Borges Martins (Crenças Populares da Ilha Terceira, Volume II, 1994), registou que é sinal de dinheiro ver uma aranha miúda, mas para obter o dinheiro mais depressa, deve matar-se a aranha com esta invocação: “Aranha morta, dinheiro à minha porta”. Acontece, porém, uma vez por outra, aparecer à porta uma carta ou uma prenda em lugar de dinheiro. Há ainda quem meta aranhas pequenas debaixo dum castiçal, retendo-as ali até receber o dinheiro.


            Em certas localidades era crendice imperativa examinar o tamanho e cor das aranhas. Se era pequenina e loura, era sinal de gosto, mas se era preta assinalava desgosto. As aranhas grandes serviam como prenúncio de mau tempo, mortes e zaragatas.   

       

            O saudoso “Mestre” Carreiro da Costa legou-nos a informação que São Bento, naturalmente porque foi eremita de grande austeridade e lidou com aranhas, “costuma ser invocado sempre que se vê uma aranha, sendo necessário cuspir três vezes. Caso contrário, a aranha irá ter à cama da pessoa, mais não seja para lhe pregar um susto”.


            Expressões populares têm, por exemplo, pernas de aranha (pessoa muito magra); andar às aranhas, ou seja, à toa; ver-se em palpos de aranha (achar-se em apuros); e ter teias de aranha (ilusões).


             Rezam os provérbios: “Quem não tem arte nem manha, morre no ar como a aranha”, e ainda “Guardou-se da mosca, comeu-o a aranha”.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 00:30

20
Out 10

 

            “Ontem tive um sonho muito estranho e inquietante. Via-me inerte e rígido como uma estátua. Tentava movimentar-me mas era incapaz. O meu corpo não respondia às ordens do cérebro. Por mais que tentasse mudar de posição, não conseguia”.

 

            Sonhar que se sente uma estátua reflecte a sua pouca vitalidade. As suas forças físicas diminuíram.

 

            Este sonho pode ser um indicador de um problema de saúde. É conveniente ir ao médico e fazer uma revisão. Pode ser também sinal de uma certa imobilidade, não tanto física mas intelectual e espiritual.

            Deverá lutar para retomar o movimento.

 

             Se nos seus sonhos se limita a contemplar estátuas, deve entender isso como uma advertência. Os seus assuntos, negócios e relações sentimentais estão parados e agarrados ao passado. Deve procurar revivê-los e pô-los de novo em funcionamento.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

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publicado por professorkibersitherc às 22:44

 

             A função do estômago é digerir os alimentos.

            Nos sonhos, o significado deste órgão está relacionado com aquilo que recusamos digerir, e que são acontecimentos que estão a perturbar a nossa vida nesses momentos.

 

            Sonhar com um estômago doente, inchado ou com azia é prenúncio de uma situação que pode ter um impacte muito negativo nas emoções de uma pessoa.

 

            Não é um sonho muito bom, mas pode ter alguma interpretação positiva.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

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publicado por professorkibersitherc às 21:32

19
Out 10

 

            O Manjerico é a planta mais popular das festas de S. João, no Porto e de S. António em Lisboa. É uma importante erva aromática, sendo considerada sagrada pelos indianos e considerada uma erva dos namorados pelos romanos. Os italianos do sul, conservam a tradição dos antigos romanos, segundo a qual, oferecer um vaso com Manjericão a uma rapariga equivale a pedi-la em casamento. Devido à forma de suas folhas, (coração), era considerado símbolo do amor, na Itália, e do luto, na Grécia.

 

            Há 4 mil anos, os hindus, percussores na cultura do manjericão, a exportaram para o Egipto. No século passado, o manjericão era usado pelos sapateiros para atenuar o cheiro do couro.

 

            O manjerico, a "erva dos namorados" é a planta mais popular das festas de São João e de Santo António respectivamente do Porto e de Lisboa.

 

            O manjerico é uma planta aromática e exigente em cuidados.

            Em Lisboa, existe a tradição de se comprar um manjerico na altura das festas da cidade – mês de Junho. Cada lisboeta compra uma destas plantas aromáticas e trata dela até ao ano seguinte, altura em que deverá ser substituída.

 

            É tradição o manjerico ser acompanhado de um verso popular, normalmente alusivo aos namoros, aos santos padroeiros etc., espetado na terra do vaso.

 

            Algumas quadras populares escritas por Fernando Pessoa

 

            Manjerico, manjerico,

            Manjerico que te dei,

            A tristeza com que fico

            Inda amanhã a terei.

 

            O manjerico comprado

            Não é melhor que o que dão.

            Põe o manjerico ao lado

            E dá-me o teu coração.

 

            O manjerico e a bandeira

            Que há no cravo de papel-

            Tudo isso enche a noite inteira,

            Ó boca de sangue e mel.

 

            O vaso do manjerico

            Caiu da janela abaixo.

            Vai buscá-lo, que aqui fico

            A ver se sem ti te acho.

 

 

            Manjerico que te deram,

            Amor que te querem dar...

            Recebeste o manjerico.

            O amor fica a esperar.

 

PROF. KIBER SITHERC 

 

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 22:19

 

            É uma romaria secular, com testemunhos anteriores ao século XVII, mistura o sagrado e o profano, produzindo um ritual invulgar.

 

            Dia 24 de Agosto realiza-se a romaria: São Bartolomeu-do-Mar, santo padroeiro da freguesia. É celebrada nesse dia porque diz a crença popular, é a data em que o Diabo anda à solta. Assim, os romeiros começam por se dirigir até à Capela de São Bartolomeu onde, acompanhados pelas crianças, dão três voltas ao templo com galinhas ou galos pretos, ou um pinto (os locais dizem pito) também preto.

 

             Depois as crianças são encaminhadas até à praia e mergulhadas três vezes consecutivas nas águas do mar, num Banho Santo que «afasta o mal» e cura as doenças relacionadas com a «possessão demoníaca», como a gaguez, a gota ou a epilepsia.

 

            Todos os anos em Esposende, volta a encher-se de peregrinos e turistas para verem cumprir a tradição do banho santo, das promessas e da galinha preta.

 

            A fé, aliada à tradição, junta sempre milhares de pessoas na romaria de S. Bartolomeu do Mar. Mas são as crianças que, de manhã, e por convicção dos pais, mergulham por três vezes no mar, para tirar o medo e para a sua protecção. No decorrer da homilia da eucaristia que se segue ao banho santo, o padre da freguesia pede o apoio do povo de Deus aos sacerdotes.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 21:00

 

            É uma original celebração em honra de São Bartolomeu, tem lugar na Foz do Douro (Porto), onde o santo continua a ser festejado, não apenas com o banho ritual na praia, mas também com o tradicional cortejo de São Bartolomeu – mais conhecido pelo Cortejo do Trajo de Papel.  

 

            O desfile percorre algumas das ruas da freguesia, com centenas de figurantes, onde as indumentárias de cada um são os famosos trajos em papel de diversas cores, num misto de criatividade, beleza e colorido. Executados com sabedoria, paciência e imaginação, os fatos representam o desejo de não deixar morrer a antiga praxe, mantida até hoje com o mesmo entusiasmo, alegria e empenhamento pelas gentes da Foz. A iniciativa e a realização dos festejos, cabem à Junta de Freguesia, conjuntamente com as várias associações e colectividades culturais e de recreio da Foz do Douro.

 

            Os trajos de papel, que podem ser actuais ou terem por modelo épocas passadas, conforme o gosto e imaginação dos seus autores ou de quem os veste, representam a nota dominante deste inusitado cortejo. O desfile processa-se todos os anos, para terminar no banho colectivo dos participantes e do povo que se junta numa determinada praia seleccionada, como já foi o caso da praia da Senhora da Luz. Desta peculiar maneira, o banho santo poderá significar uma oferta ritual, simbolizada nos belos trajos de papel às águas do mar, tendo por objectivo receber os favores de São Bartolomeu, isto é, a profilaxia redentora do banho milagroso que irá livrar de maleitas durante o ano inteiro. Cada uma das associações e colectividades de recreio poderá escolher, anualmente, um tema alusivo, a apresentar depois pelo grupo que a representa no respectivo desfile.           

 

            O cortejo, que inclui carros alegóricos, sai pela manhã do primeiro domingo mais perto do dia de São Bartolomeu, celebrado a 24 de Agosto (caso o ano não calhe a um domingo). A saída é prevista conforme os anos, poderá ser a Rua do Passeio Alegre – embora noutros anos tenha sido escolhido o Castelo ou Forte de São João Baptista –, sempre com um número incontável de pessoas concentradas no local, acompanhado pela Banda Marcial da Foz, para finalizar no banho santo, com os fatos de papel a serem oferecidos às ondas.  

 

            A origem da festa, considerada a mais original depois do São João no Porto, é anterior a 1869, sabendo-se que, por esses tempos, era costume acorrerem à Foz ranchos de romeiros para tomarem o banho santo redutor dos «endemoninhados» e profiláctico da epilepsia, da gaguez e do medo.

 

            Em simultâneo efectua-se uma feira de artesanato (a incluir atribuição de prémios), com a duração de onze dias, a decorrer no Jardim do Passeio Alegre, para «incrementar o artesanato nacional», vendo-se algumas dezenas de artesãos vindos de todo o país, muitos deles a trabalhar ao vivo, embora o certame inclua algum artesanato internacional «sempre creditado pela sua qualidade».

 

            Os visitantes contam-se por milhares, não faltando a animação diurna e nocturna: teatro, música (orquestras, bandas filarmónicas e conjuntos musicais), folclore e desporto, a dar mais brilho e animação aos festejos. Realiza-se também uma missa solene celebrada na Igreja Matriz de São João Baptista.                                                  

 

             A crença popular no banho santo, essa continua a persistir entre as gentes da Foz do Douro, quando afirmam que «o banho no dia de São Bartolomeu vale por 24», ou que «têm de ser 7 os mergulhos por cada banho no mar». Não excluindo a ideia de que o número de banhos «deve ser 9» – a lembrar que desde sempre este número corresponde às novenas realizadas nas igrejas, a preceder as festividades litúrgicas.

 

            Assentes em características supersticiosas, de devoção ou crença do povo, ainda hoje se acredita que o banho de mar tomado no dia 24 de Agosto «serve de cura e prevenção contra todo o mal», sendo o malefício do «Moço» (Demo) «exorcizado pela acção da água tornada miraculosa neste dia pela virtude de São Bartolomeu», com os banhos no mar a curarem «o corpo e a mente se forem tomados consoante o preceito» - a testemunhá-lo, lá estão os banhistas no «dia do diabo à solta».

 

            De acordo com a tradição local e com as histórias que o povo tece, São Bartolomeu foi morto e deitado ao mar, aparecendo o seu corpo nas águas da Foz no dia 24. Daí, a tradição do banho e a veneração do santo, eleito padroeiro dos banhistas.

 

PROF. KIBER SITHERC 

 

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 19:07

 

            A origem da tradição das Maias perde-se no tempo e pode ter várias explicações. Segundo alguns, a Maia era uma boneca de palha de centeio, em torno do qual havia danças toda a noite do primeiro dia de Maio. Por vezes, podia ser também uma menina de vestido branco coroada com flores, sentada num trono florido e venerada, todo o dia, com danças e cantares. Esta festa, de reminiscências pagãs, foi proibida várias vezes, como aconteceu em Lisboa no ano de 1402, por Carta Régia de 14 de Agosto, onde se determinava aos Juízes e à Câmara "que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse Maias ou Janeiras e outras coisas contra a lei de Deus...". Ainda segundo outros, o nome do mês de Maio terá tido origem em Maia, mãe de Mercúrio, e a ele está ligado o costume de enfeitar as janelas com flores amarelas.

 

            Seja como for, todos estes rituais pagãos estavam ligados ao rito da fertilidade para com o novo ciclo da natureza, à celebração da Primavera ou ao início de um novo ano agrícola. Mais tarde, houve necessidade de lhe incutir algum sentido religioso, promovendo a sua ligação à Festa da Santa Cruz ou ao Corpo de Deus.

 

             Esse facto pode justificar a lenda do Alto Minho, segundo a qual Herodes soube que a Sagrada Família, na sua fuga para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para garantir que conseguiria eliminar o Menino Jesus, Herodes dispunha-se a mandar matar todas as crianças. Perante a possibilidade de um tão significativo morticínio, foi informado, por um outro "Judas", que tal poderia ser evitado, bastando para isso, que ele próprio colocasse um ramo de giesta florida na casa onde se encontrava a Sagrada Família, constituindo um sinal para que os soldados a procurassem e consumassem o crime... A proposta do "Judas" foi aceite e Herodes tratou de mandar os seus soldados à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos soldados quando, na manhã seguinte, encontraram todas as casas da aldeia com ramos de giesta florida à porta, gorando-se, assim, a possibilidade do Menino Jesus, ser morto.

 

            Talvez resultado desta lenda, hoje em dia ainda é possível observar em algumas zonas do nosso país, a colocação de ramos de giestas em flor, ou até mesmo coroas feitas de ramos de giestas, conjuntamente com outras flores e enfeites coloridos, nas portas e janelas das casas ou nos automóveis, na noite de 30 de Abril para 1 de Maio. Com o passar dos tempos, este costume também acabou por despertar alguma competição entre vizinhos, onde cada um tentava possuir a coroa mais bonita e elaborada.

 

            Além do Alto Minho, onde esta tradição ainda continua viva, importa aqui realçar o caso da freguesia de Albergaria-a-Velha, onde esta tradição teima em resistir. Numa contagem rápida e unicamente tendo em conta as principais artérias de parte da freguesia, foi possível contabilizar na manhã do dia 1 de Maio deste ano de 2003, cerca de 75 casas com coroas de giestas e flores penduradas nas portas ou janelas, das quais as fotografias que se mostram são meros exemplos, e cerca de 90 outras casas em que os simples ramos de giestas tinham sido espetados nas portas ou janelas. Esta quantidade, que peca por defeito em relação à totalidade dos casos que se poderiam contabilizar, é de alguma maneira surpreendente e, segundo sabemos, não encontra paralelo em mais nenhum concelho ou freguesia desta região. Pelo valor da tradição e pela beleza que acaba por trazer às casas e às ruas, achamos que seria um costume a valorizar e porventura a incentivar, para que assim se possa evitar o seu desaparecimento.

 

            As «Maias» e os «Maios»

            Ernesto Veiga de Oliveira descreve com rigor esse costume do povo português que tem algumas nuances regionais.

 

            Segundo ele, o 1º de Maio é o Dia das Maias e comemora-se em Portugal, de um modo geral, pela oposição das «Maias», ou seja, de giestas ou flores, sob diversas formas, em portas e janelas e noutros locais. Ao contrário de outras regiões, em Trás-os-Montes surge ao lado de outras práticas, que são independentes mas de significações convergentes.

 

            Na faixa ocidental atlântica do País, não existe qualquer prática alimentar associada. Mas em Trás-os-Montes e nas Beiras as «Maias» estão associadas às castanhas, que muita gente guarda de propósito para esta data. Segundo Jorge Lage, no 1º de Maio devem-se comer castanhas. Caso contrário, ao passar-se por um burro, este atira-se à pessoa e morde-a Diz o ditado «quem não come castanhas no 1º de Maio, monta-o o burro». Isto porque Maio é o mês dos burros, como afirma o povo. O uso de comer castanhas secas em Maio, terá a ver com a tradição muito antiga de no 1º dia o chefe de família ir à fonte e esconjurar ou afastar com favas pretas os espíritos (o «Maio») da sua família. Daí a expressão «Vai à feira e traz-me as maias (as castanhas piladas)».

 

            De um modo geral, o cenário das várias celebrações cíclicas compreende cerimónias de véspera. A colocação de giestas faz-se no dia 30 de Abril para que as casas estejam floridas no momento em que começa o dia, para o «Maio», o «Carrapato» ou o «Burro» não entrarem. O «Maio» ou o «Burro» são entidades nocivas, cujo malefício se pretende conjurar com uma oposição de flores ou a manducação de certas espécies.

 

            Em Trás-os-Montes, além de se enfeitarem as portas das casas com flores de giestas, as raparigas adornam um menino que dizem representar o “Maio-Moço” e passeiam-no pelas ruas com grande ruído alegre, cantando e bailando em volta dele.

 

PROF. KIBER SITHERC 

 

 

 

 

 

  

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publicado por professorkibersitherc às 17:40

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