Segundo uma antiga lenda bijagó, a vida começou assim: Deus, o Criador, existiu sempre e, no início da vida, foi criada a primeira ilha - a ilha de Orango - que era o mundo.
Mais tarde, chegou um homem e a sua mulher, de nome Akapakama. Eles tiveram quatro filhas a que deram os nomes de Orakuma, Ominka, Ogubane e Oraga.
Cada uma das filhas de Akapakama teve, por sua vez, vários filhos, os quais receberam por parte do avô direitos especiais.
Os de Orakuma, receberam a terra e a direcção das cerimónias nela realizadas, bem como o direito de fazer as estatuetas do Irã, tendo sido a primeira executada por Orakuma e feita à imagem do Deus. Este direito seria também dado por Orakuma às suas irmãs.
Os de Ominka receberam o mar e passaram a ocupar-se da pesca. Os de Oraga receberam a natureza com as bolanhas e as palmeiras, o que lhes daria a riqueza.
Os de Ogubane receberam o poder da chuva e do vento podendo desencadeá-los, controlando assim o suceder das épocas, da seca e das chuvas.
Assim, as quatro irmãs desempenhavam funções diferentes mas que se complementavam.
Esta é a razão que, segundo a lenda, explica o papel muito importante que as mulheres desempenham na sociedade bijagó. Elas ainda hoje têm direitos especiais, tais como a construção das casas e a realização de cerimónias próprias. E ainda o das raparigas, segundo os Bijagós, em que reincarnam as pessoas que morrem na família e no clã.
Tal como em outras sociedades, a arte bijagó está estreitamente ligada à religião. A representação dos Irãs encontra especial relevo na escultura em madeira, a qual se alarga à representação de outras cenas da vida quotidiana e à produção de objectos de uso comum.
Hoje, só os homens podem ser escultores, mas nota-se já uma diminuição dos que se dedicam a esta actividade, o que faz com que existam poucos escultores com autoridade para executar as estatuetas dos Irãs.
Em princípio não há condição especial para que um homem se tome escultor. A aprendizagem é feita junto de um outro escultor já famoso e pode-se começar essa aprendizagem com qualquer idade.
Nas ilhas onde há muitos escultores alguns especializam-se num determinado tipo de trabalho.
PROF. KIBER SITHERC