Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

30
Mar 10

 

                Os corpos desaparecidos no mar, jamais serão encontrados. Transformar-se-ão em Nhamussoros!

 

            Existem várias lendas que em Inhambane, Moçambique, quando alguém desaparece no mar, não morre, fica uma espécie de morto vivo nas profundezas das águas e reaparece muitos anos depois talvez respondendo a um chamamento espiritual de algum médium, ou vulgo curandeiro.


            Segundo reza uma história, em Inhambane para os lados de Chicuque, há muitos anos atrás, apregoou-se a vinda de um Nhamussoro. Tendo chegado aos ouvidos de jornalistas, estes quiseram ir ao local do eventual aparecimento para comprovar tal aparição.


            Entretanto, os ditos curandeiros avisaram que Nhamussoro, não poderia estar na presença do homem branco pelo que os jornalistas teriam de encontrar uma forma de não serem vistos. Assim foi, os jornalistas esconderam-se bem disfarçados à espera da sua aparição. Chegado o dia, juntou-se a população no local e entre os sons dos batuques, iam dançando e entoando canções chamando o dito espírito.

 

            De repente, junto à praia, começa um vulto que vai se transformando maior à medida que vem caminhando para a população.

            Era a figura de um homem cheio de crostas e algas agarradas no seu corpo como que um navio afundado submergindo.


            Conta-se que os jornalistas irrequietos, terão saído dos seus lugares de máquinas fotográficas em punho quando viram o Nhamussoro. Este claro, apercebendo-se dos brancos, mergulhou imediatamente e nunca mais voltou a aparecer.


            Várias pessoas locais contam esta história. Que a ouviram através do filho do farmacêutico… ter escutado da boca do Chefe dos Correios…

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 22:44

23
Jan 10

 

Certo dia, a boca, com ar de vaidade, perguntou:
- Embora o corpo seja um só, qual é o órgão mais importante?
Os olhos responderam:
- O órgão mais importante somos nós: observamos o que se passa e vemos as coisas.
- Somos nós, porque ouvimos. - disseram os ouvidos.
- Estão enganados. Nós é que somos mais importantes porque agarramos as coisas. Disseram as mão..
Mas o coração também tomou a palavra:
- Então, e eu? Eu é que sou importante: faço funcionar todo o corpo!
- E eu trago em mim os alimentos! - interveio a barriga.
- Olha! Importante é aguentar todo o corpo como nós, as pernas, fazemos.
 
Estavam nisto quando a mulher trouxe a massa, chamando-os para comer. Então os olhos viram a massa, o coração emocionou-se, a barriga esperou ficar farta, os ouvidos escutavam, as mãos podiam tirar bocados, as pernas andaram... mas a boca recusou comer. E continuou a recusar. Por isso, todos os outros órgãos começaram a ficar sem forças...
 
Então a boca voltou a perguntar:
- Afinal qual é o órgão mais importante no corpo?
- És tu boca -  responderam todos em coro.
- Tu és o nosso rei!
 
Todos nós somos importantes e, para viver, temos de aprender a colaborar uns com os outros, é o que procura transmitir essa lenda moçambicana.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 16:22

 

            Havia duas mulheres amigas, uma que podia ter filhos, e tinha muitos, e a outra não. Um dia, a mulher estéril foi a casa da amiga e convidou-a a visitá-la, dizendo:
            - Amiga, tenho muitas coisas novas em casa, venha vê-las!
            - Está bem. - concordou a outra.
            De manhã cedo, a mulher que tinha muitos filhos foi visitar a amiga. Ao chegar a casa desta, chamou-a:
            - Amiga, minha amiga! - trazia consigo um pano que a mulher estéril aceitou e guardou.
            As duas amigas ficaram a conversar, tomando um chá que a dona da casa tinha preparado para as duas. Ao acabarem o chá, a dona da casa quis, então, mostrar à amiga as coisas que tinha comprado.
            Passaram para a sala e a mulher estéril abriu uma mala mostrando à amiga roupa, brincos, prata e outras coisas de valor. No final da visita, a mulher que tinha muitos filhos agradeceu, dizendo:
            - Um dia há-de ir a minha casa ver a mala que eu arranjei.
 
            E, um certo dia, a mulher que não tinha filhos, foi a casa da amiga. Mal a viram, os filhos desta gritaram:
            - A sua amiga está aqui! - agradeceram a peneira que ela trazia na cabeça e guardaram-na. Começaram, então, a preparar o chá. A mãe das crianças chamava-as uma a uma:
            - Fátima!
            - Mamã?
            - Põe o chá ao lume!
            - Mariamo!
            - Sim?
            - Vai partir lenha!
            - Anja!
            - Sim?
            - Vai ao poço
            - Muacisse!
            - Mamã?
            - Vai buscar açúcar!
            - Muhamede!
            - Sim?
            - Traz um copo!
            - Mariamo!
            - Vamos lá, despacha-te com o chá!
            Assim que o chá ficou pronto, tomaram-no e conversaram todos um pouco.          Quando a amiga se ia embora, a mulher que tinha filhos disse:
            - Minha amiga, eu chamei-a para ver a mala que arranjei, mas a minha mala não tem roupa nem brincos! A mala que lhe queria mostrar são os meus filhos!
            A mulher que não podia ter filhos ficou muito triste e, antes de chegar a casa, sentiu-se muito mal, com dores de cabeça e acabou por morrer.
            Comentário do narrador: coisa não é coisa, coisa é pessoa!
 
            A missão principal da mulher é a procriação e o respeito que lhe é devido aumenta com a idade e com o número de filhos. Assim, ter filhos é muito importante e quantos mais se tiver melhor, pois eles são a riqueza e o futuro da família. Nas sociedades matrilineares, donde provém este conto (Norte de Moçambique), se as mulheres não tiverem filhos a sua linhagem não continua. Quando o homem é estéril, é repudiado de imediato; a esterilidade feminina é atribuída à pouca sorte, podendo, quer num caso quer noutro, tentar-se o tratamento junto do curandeiro.
 
            Neste conto, após tudo ter tentado para poder engravidar e não o tendo conseguido, a mulher acabou por morrer de desgosto. A sua riqueza era feita só de bens materiais, enquanto que a riqueza da amiga eram os filhos. De realçar o costume de a visitante oferecer.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 01:37

 

            Uma gazela encontrou um caracol e disse-lhe:
             - Tu, caracol, és incapaz de correr, só te arrastas pelo chão. - o caracol respondeu:
            - Vem cá no Domingo e verás!
 
            O caracol arranjou cem papéis e em cada folha escreveu: "Quando vier a gazela e disser "caracol", tu respondes com estas palavras: "Eu sou o caracol"". Dividiu os papéis pelos seus amigos caracóis dizendo-lhes:
            - Leiam estes papéis para que saibam o que fazer quando a gazela vier.
            No Domingo a gazela chegou à povoação e encontrou o caracol. Entretanto, este pedira aos seus amigos que se escondessem em todos os caminhos por onde ela passasse, e eles assim fizeram. Quando a gazela chegou, disse:
            - Vamos correr, tu e eu, e tu vais ficar para trás!
             O caracol meteu-se num arbusto, deixando a gazela correr.
 
            Enquanto esta corria ia chamando: "Caracol!"
            E havia sempre um caracol que respondia:
            - Eu sou o caracol.
            Mas nunca era o mesmo por causa das folhas de papel que foram escritas e distribuídas.
 
            A gazela, por fim, acabou por se deitar, esgotada, morrendo com falta de ar. O caracol venceu, devido à esperteza de ter escrito cem papéis.
 
            Esta lenda moçambicana, tem um sábio comentário, que adverte na utilidade de saber escrever: "Como tu sabes escrever e nós não, nós cansamo-nos, mas tu não. Nós nada sabemos!"
 
PROF. KIBER SITHERC
 
kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 00:38

19
Jan 10

 

            A lua tinha uma filha branca e em idade de casar. Um dia apareceu-lhe em casa um monhé (comerciante indiano em Moçambique),pedindo a filha em casamento. A lua perguntou-lhe:
            - Como pode ser isso, se tu és monhé? Os monhés não comem ratos, nem carne de porco e também não bebem cerveja... Além disso, ela não sabe pilar.
            Mas o monhé respondeu:
            "Não vejo impedimento algum, embora eu seja monhé, a menina pode continuar a comer ratos e carne de porco e a beber cerveja... Quanto a não saber pilar, isso também não tem importância, pois as minhas irmãs podem fazê-lo.
             A lua, então, respondeu:
            - Se é como dizes, podes levar a minha filha que, quanto ao mais, é boa rapariga.
            O monhé levou consigo a menina. Ao chegar a casa foi ter com a sua mãe e fez-lhe saber que a menina com quem tinha casado comia ratos, carne de porco e bebia cerveja, mas que era necessário deixá-la à vontade naqueles hábitos. Acrescentou também, que ela não sabia pilar, mas que as suas irmãs teriam a paciência de suprir essa falta.
 
            Dias depois, o monhé saiu para o mato à caça. Na sua ausência, as irmãs chamaram a rapariga (sua cunhada) para ir pilar com elas para as pedras do rio e esta desatou a chorar.

            As irmãs do monhé censuraram-na:
            - Então tu pões-te a chorar por te convidarmos a pilar?... Isso não está bem! Tens de aprender porque é trabalho próprio das mulheres.
             E, sem mais conversas, pegaram-lhe na mão e conduziram-na ao lugar onde costumavam pilar.
            Quando chegaram ao rio puseram-lhe o pilão na frente, entregaram-lhe um maço e ordenaram que pilasse. A rapariga começou a pilar mas com uma mágoa tão grande que as lágrimas não paravam de lhe escorrer pela cara. Enquanto pilava ia-se lamentando:
            - Quando estava em casa da minha mãe não costumava pilar...
            Ao dizer estas palavras, a rapariga, sempre a pilar e juntamente com o pilão, começou a sumir-se pelo chão abaixo, por entre as pedras que, misteriosamente, se afastavam. E foi mergulhando, mergulhando... até desaparecer.
            Ao verem aquele estranho fenómeno, as irmãs do monhé abandonaram os pilões e foram a correr contar à mãe o que acontecera. Esta ficou assustada com a estranha novidade e tinha o coração apertado de receio quando chegou o monhé, seu filho. Este, ao ouvir o relato do que acontecera à sua mulher, ralhou com as irmãs, censurando-as por não terem cumprido as suas ordens. Apressou-se a ir ter com a lua, sua sogra, para lhe dar conta do desaparecimento da filha.
 
            A lua, muito irritada, disse:
            - A minha filha desapareceu porque não cumpriste o que prometeste. Faz como quiseres, mas a minha filha tem de aparecer!
            - Mas como posso ir ao encontro dela se desapareceu pelo chão abaixo?
            A lua mudou, então, de aspecto e, mostrando-se conciliadora, disse:
            - Bom, vou mandar chamar alguns animais para se fazer um remédio que obrigue a minha filha a voltar... Vai para o lugar onde desapareceu a minha filha e espera lá por mim.
            O monhé foi-se embora e a lua chamou um criado ordenando:
            - Chama o javali, a zebra, a gazela, o búfalo e o cágado e diz-lhes que compareçam, sem demora, nas pedras do rio onde desapareceu a minha filha.
            O criado correu a cumprir as ordens e os animais convidados apressaram-se para chegar ao lugar indicado. A lua também para lá se dirigiu com um cesto de alpista.
 
            Quando chegou ao rio, derramou um punhado de alpista numa pedra e ordenou ao porco que moesse. O javali, enquanto moía, cantou:
            - Eu sou o javali e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
            Nesse momento ouviu-se a voz cava da menina que, debaixo do chão, respondia:            - Não te conheço!
             O javali, ressentido, largou a pedra das mãos e afastou-se cabisbaixo.
 
            Aproximou-se em seguida a zebra e, enquanto moía, cantou:
            - Eu sou a zebra e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
             Ouviu-se novamente a voz da menina que dizia:
            - Não te conheço!
            A gazela e o búfalo ajoelharam também junto do moinho, fazendo a sua invocação, mas a menina deu a ambos a mesma resposta:
            - Não te conheço!
 
            Por último, tomou a pedra o cágado e, enquanto moía, cantou:
             - Eu sou o cágado e estou a moer alpista para que tu, rapariga, apareças ao som da minha voz!
            A menina cantou, então, em voz terna e melodiosa:
            - Sim, cágado, à tua voz eu vou aparecer!
            E, pouco a pouco, a menina começou a surgir por entre as pedras do rio, juntamente com o pilão, mas sem pilar. Quando emergiu completamente parou e ficou silenciosa. Os animais juntaram-se todos, curiosos, à volta da menina.
            Então, a lua disse:
            - Agora a minha filha já não pode continuar a ser mulher do monhé pois ele não soube cumprir o que me prometeu. Ela será, daqui para o futuro, mulher do cágado, pois só à sua voz é que ela tornou a aparecer.
            Então o cágado levantou a voz dizendo:
            - Estou muito feliz com a menina que acaba de me ser dada em casamento e, como prova da minha satisfação, vou oferecer-lhe um vestido luxuoso que ela vestirá uma só vez, pois durará até ao fim da sua vida.
             E, dizendo isto, entregou à menina uma carapaça lindamente trabalhada, igual à sua.
            Da ligação do cágado com a filha da lua é que descendem todos os cágados do mundo...
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 
kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 00:14

18
Jan 10

 

            Certo dia, uma mulher estava na cozinha e, ao atiçar a fogueira, deixou cair cinza em cima do seu cão. O cão queixou-se:
            - A senhora, por favor, não me queime!
            Ela ficou muito espantada: um cão a falar! Até parecia mentira... Assustada, resolveu bater-lhe com o pau com que mexia a comida. Mas o pau também falou:
            - O cão não me fez mal. Não quero bater-lhe!
 
            A mulher já não sabia o que fazer e resolveu contar às vizinhas o que se tinha passado com o cão e o pau. Mas, quando ia sair de casa a porta, com um ar zangada, avisou-a:
            - Não saias daqui e pensa no que aconteceu. Os segredos da nossa casa não devem ser espalhados pelos vizinhos.
 
            A mulher percebeu o conselho da porta. Pensou que tudo começara porque tratara mal o seu cão. Então, pediu-lhe desculpa e repartiu o almoço com ele.
            Esta lenda moçambicana, procura divulgar dois conselhos às mulheres, aprender a conviver com os de casa, e não espalhar pela vizinhança os segredos do lar.
 
PROF. KIBER SITHERC
 

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 18:28

04
Jan 10

 

            Era uma vez um casal que teve uma filha. A mulher morreu pouco depois do parto e a criança foi criada pelo pai. Quando a menina cresceu, o pai anunciou-lhe: "Minha filha, quero casar contigo!"
            Mas a menina respondeu: "Isso não é bom. Seremos descobertos pelos outros, pois no mundo não há segredos!"
            "Sempre quero ver se no mundo não há segredos", disse o pai. Foi buscar arroz, vazou duas medidas numa panela e cozinhou-o. Em seguida, levou a panela para o mato e enterrou-a. Ninguém sabia que ele tinha enterrado no mato uma panela cheia de arroz a não ser ele próprio e a filha.
 
            Tempos mais tarde, apareceram homens com redes para caçar no mato. Eles não sabiam que no local onde caçavam, debaixo de uma árvore, estava enterrada uma panela cheia de arroz. Descobriram, admirados, que formigas brancas saídas da terra junto daquela árvore, transportavam grão de arroz. De imediato cavaram o buraco e encontraram uma panela cheia de arroz cozido.
 
            A filha, então, voltou-se para o pai: "Está a ver papá? Eu não lhe disse que o mundo não tem segredos?!"
            Comentário: No mundo não há segredos, a filha bem o sabia!
 
PROF. KIBER SITHERC
 

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 01:40

02
Jan 10

 

            Houve um tempo em que não chovia e os animais estavam a morrer de muita sede. Então, resolveram todos se reunir a fim de solucionar o problema. O coelho recusou-se a participar das tentativas de encontrar água. Os outros animais, cavaram, cortaram árvores, até que, uma tartaruga encontrou água, suficiente para formar uma pequena lagoa. Fizeram logo uma festa, tocaram batuque durante três semanas, pois não sentiriam mais sede.
 
             O leão sugeriu que não deixassem o coelho beber a água deles e todos concordaram. Quando os animais saíram para a caça, deixaram a gazela tomar conta da lagoa. Sentindo sede, o coelho colocou mel dentro de uma cabaça, foi até à gazela e chamou-a. A gazela perguntou quem era e o que queria. O coelho respondeu que lhe trouxera mel de presente. Sem saber o que era o mel, o coelho convenceu que ela provasse. Ela gostou tanto que implorou mais ao coelho. Este, então, lhe disse que ela ainda não havia sentido todo o sabor do mel, pois isso só aconteceria se ela o comesse atada a uma árvore. Dessa forma, a gazela deixou-se amarrar. O coelho não deu mais mel à gazela e, ainda, foi à lagoa beber água e tomar banho, sujando toda a lagoa.
 
             Quando chegaram os outros animais, repreenderam a gazela e puseram o macaco de guarda. No dia seguinte, o coelho, novamente, chamou o macaco e este respondeu que não perdesse o seu tempo, pois todos os seus artifícios já eram conhecidos. O coelho disse que era uma pena, pois trazia consigo uma coisa muito saborosa, e fingiu ir-se embora. O macaco pediu para ver ao menos do que se tratava. O coelho passou um pouco de mel em seus lábios e o macaco ficou maravilhado com o sabor. Quando o macaco implorou mais um pouco, o coelho disse-lhe que não poderia dar-lhe, pois tinha medo que depois ele o seguisse para descobrir onde ele obtinha o mel. O macaco jurou que não faria isso e o coelho pediu-lhe, como prova, que o deixasse atar-lhe a uma árvore.  
            Louco pelo mel, o macaco permitiu, repetindo-se com ele o mesmo que com uma gazela. Ao retornarem, os animais ficaram enfurecidos. O mesmo sucedeu com o búfalo, o hipopótamo, o elefante e com os demais bichos, deixando o leão desesperado. Até que a tartaruga ofereceu-se para ficar de guarda. Ela, então, resolveu ficar de vigia dentro da lagoa, escondendo-se debaixo da água. Chegando à lagoa, o coelho pensou que os outros tivessem desistido de enfrentá-lo. Entrou na lagoa e fez a festa. Quando ia sair da água, a tartaruga agarrou-lhe a perna. Ele implorava que a tartaruga lhe largasse a perna e ela nada. Quando os outros animais retornaram, ficaram muito contentes, julgando o coelho e condenando-o à morte.

 

 

            O condenado exigiu o seu direito a uma última vontade: ser executado ao colo da mulher do chefe. No momento em que ia atirar uma seta, o coelho começou a fazer gracinhas, fazendo-a rir e errar o alvo, acertando na mulher do chefe, possibilitando a fuga do coelho. Por isso, todos os animais o procuram, a fim de executa-lo. Desde então, têm-se visto o coelho, sempre sozinho, correndo de um lado para o outro, aos saltos e aos ziguezagues.

 

PROF. KIBER SITHERC



 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 17:29

 

            Havia um homem que se chamava Namarasotha. Era pobre e andava sempre vestido com farrapos. Um dia foi à caça. Ao chegar ao mato, encontrou uma impala morta. Quando se preparava para assar a carne do animal, apareceu um passarinho que lhe disse:
            - Namarasotha, não se deve comer essa carne. Continua até mais adiante que o que é bom estará lá.
            O homem deixou a carne e continuou a caminhar. Um pouco mais adiante, encontrou uma gazela morta. Tentava, novamente, assar a carne quando surgiu um outro passarinho que lhe disse:
            - Namarasotha, não se deve comer essa carne. Vai sempre andando que encontrarás coisa melhor do que isso.
            Ele obedeceu e continuou a andar até que viu uma casa junto ao caminho. Parou e uma mulher que estava junto da casa chamou-o, mas ele teve medo de se aproximar pois estava muito esfarrapado.
            - Chega aqui!, insistiu a mulher.
            Namarasotha aproximou-se então.
            - Entra -  disse ela.
            Ele não queria entrar porque era pobre. Mas a mulher insistiu e Namarasotha entrou, finalmente.
            - Vai te lavar e veste estas roupas - disse a mulher.
            E ele lavou-se e vestiu as calças novas. Em seguida, a mulher declarou:
            - A partir deste momento esta casa é tua. Tu és o meu marido e passas a ser tu a mandar.
            E Namarasotha ficou, deixando de ser pobre.
Um certo dia, havia uma festa a que tinham de ir. Antes de partirem para a festa, a mulher disse a Namarasotha:
            - Na festa a que vamos, quando dançares, não deverás virar-te para trás.
            Namarasotha concordou e lá foram os dois. Na festa bebeu muita cerveja de farinha de mandioca e embriagou-se. Começou a dançar ao ritmo do batuque. A certa altura a música tornou-se tão animada que ele acabou por se virar.
            E no momento em que se virou, ficou como estava antes de chegar à casa da mulher: pobre e esfarrapado.
 
            Esta lenda Moçambicana, contém um grande peso simbólico, vejamos o seu significado:

            Todo o homem adulto deve casar-se com uma mulher de outra linhagem. Só assim é respeitado como homem e tido como «bem vestido». O adulto sem mulher é «esfarrapado e pobre». A verdadeira riqueza para um homem é a esposa, os filhos e o lar. Os animais que Namarasotha encontrou mortos simbolizam mulheres casadas e se comesse dessa carne estaria a cometer adultério. Os passarinhos representam os mais velhos, que o aconselham a casar com uma mulher livre. Nas sociedades matrilineares do Norte de Moçambique (donde provém este conto), são os homens que se integram nos espaços familiares das esposas. Nestas sociedades, o chefe de cada um destes espaços é o tio materno da esposa. O homem casado tem de sujeitar-se às normas e regras que este traça. Se revolta e impõe as suas, perde o seu estatuto de marido e é expulso, ficando cada cônjuge com o que levou para o lar. Cumprindo sempre o que os passarinhos lhe iam dizendo durante a sua viagem em busca de «riqueza», Namarasotha acabou por encontrá-la: casou com uma mulher livre e obteve um lar. Mas por não ter seguido o conselho da mulher, perdeu o estatuto dignificante de homem adulto e casado.
 
PROF. KIBER SITHERC
 
[Tambor.bmp]
kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 13:09

01
Jan 10

 

            Antigamente havia um caçador que usava armadilhas, abrindo covas no chão. Ele tinha uma mulher que era cega e fizera com ela três filhos. Um dia, quando visitava as suas armadilhas, encontrou-se com um leão:
            "Bom dia, senhor! Que fazes por aqui no meu território?" (perguntou o leão)
            "Ando a ver se as minhas armadilhas apanharam alguma coisa", respondeu o homem.
            "Tu tens de pagar um tributo, pois esta região pertence-me. O primeiro animal que apanhares é teu e o segundo é meu e assim sucessivamente".
 
            O homem concordou e convidou o leão a visitar as armadilhas, uma das quais tinha uma presa, uma gazela. Conforme o combinado, o animal ficou para o dono das armadilhas. Passado algum tempo, o caçador foi visitar os seus familiares e não voltou no mesmo dia.
            A mulher, necessitando de carne, resolveu ir ver se alguma das armadilhas tinha presa. Ao tentar encontrar as armadilhas, caiu numa delas com a criança que trazia ao colo. O leão que estava à espreita entre os arbustos, viu que a presa era uma pessoa, e ficou à espera que o caçador viesse para este lhe entregar o animal, conforme o contrato.
 
            No dia seguinte, o homem chegou a sua casa e não encontrou nem a mulher nem o filho mais novo. Resolveu, então, seguir as pegadas que a sua mulher tinha deixado, que o guiaram até à zona das armadilhas. Quando aí chegou, viu que a presa do dia era a sua mulher e o filho. O leão, lá de longe, exclamou ao ver o homem a aproximar-se:
            "Bom dia amigo! Hoje é a minha vez! A armadilha apanhou dois animais ao mesmo tempo. Já tenho os dentes afiados para os comer!"
            "Amigo leão, conversemos sentados. A presa é a minha mulher e o meu filho."
            "Não quero saber de nada. Hoje a caçada é minha, como rei da selva e conforme o combinado", protestou o leão.
 
            De súbito, apareceu o rato.
            "Bom dia titios! O que se passa?", disse o pequeno animal.
            "Este homem está a recusar-se a pagar o seu tributo em carne, segundo o combinado." Respondeu o leão.
            "Titio, se concordaram assim, porque não cumpres? Pode ser a tua mulher ou o teu filho, mas deves entregá-los. Deixa isso e vai-te embora", disse o rato ao homem.
            Muito contrariado, o caçador retirou-se do local da conversa, ficando o rato, a mulher, o filho e o leão. "Ouve, tio leão, nós já convencemos o homem a dar-te as presas. Agora deves-me explicar como é que a mulher foi apanhada. Temos que experimentar como é que esta mulher caiu na armadilha" (e levou o leão para perto de outra armadilha). Ao fazer a experiência, o leão caiu na armadilha. Então, o rato salvou a mulher e o filho, mandando-os para casa.
 
            A mulher, vendo-se salva de perigo, convidou o rato a ir viver para a sua casa, comendo tudo o que ela e a sua família comiam. Foi a partir daqui que o rato passou a viver em casa do homem, roendo tudo quanto existe...
 
PROF. KIBER SITHERC
 
 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 22:17

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

pesquisar
 
favoritos

A ORIGEM DO RISO

mais sobre mim
blogs SAPO