É curioso constatar que, entre os vestígios que encontramos dos povos mesopotâmicos, não se descobre qualquer representação deste signo zodiacal. Os desenhos provenientes de rolos assírios demonstram, no entanto, que os espaços do Zodíaco actualmente ocupados pelas constelações da Libra e de Escorpião, eram graficamente representados por dois escorpiões. As referências dos astrónomos gregos Eudóxio (409-365 a. C.), que apenas conheceram onze signos zodiacais, indicam-nos que a parte que hoje corresponde a Libra formava então as chamadas “garras” ou “tenazes” do aracnídeo. Escorpião abarcava, pois, o espaço dos sétimos e oitavos signos, respectivamente ocupados pelas tenazes e pela cauda. Foi, segundo parece, o célebre astrónomo grego Cleóstrato (séc. V a. C.) quem dispôs com regularidade as estrelas do Zodíaco pelas onze figuras ou signos do Zodíaco.
Os Romanos, por seu lado, a fim de que cada signo correspondesse a uma constelação e cada uma delas representasse um mês, dividiram a figura do Escorpião em duas partes iguais. Para tal, colocaram a figura de Júlio César numa das divisões de 30 graus que levaram a cabo. A Balança, que aquela personagem segurava numa das mãos simboliza a Justiça e a equidade, e servia ao mesmo tempo, para recordar que foi o seu portador quem dividiu o ano de maneira exacta, renovando assim o calendário que teve o seu nome durante séculos, até à adopção do gregoriano. Estas foram as causas do novo signo receber o nome de Libra (Balança), e de além disso, representar a igualdade do dia e da noite no equinócio do Outono, o que equivale a dizer que nesse preciso momento, a luz e a sombra tê a mesma duração. Baseando-se neste facto o astrónomo, Cláudio Ptolomeu, célebre astrónomoe geógrafo do séc. II, fala da Libra como o distintivo da Caldeia. Mas essa crença não pode ser comprovada nem histórica nem arqueologicamente.
Libra é o signo do equilíbrio, da harmonia, do sentido artístico, da beleza, da poesia, da compreensão humana, da amabilidade, da cortesia, da doçura, das relações públicas, dos bons costumes, da alma caridosa, da ponderação, da justiça, do cavalheirismo, da paz e do coração amante.
Como a Balança produz uma boa dose de instabilidade, os que nascem sob este signo esforçam-se por conservar o equilíbrio a todo o custo e em todos os aspectos. Duvidam, oscilam, tergiversam, avançam, retrocedem. Tudo isso, antes de aceitarem uma coisa definitiva.
O nativo de Balança é um incorrigível extrovertido. Horroriza-o viver só e possui um agudo sentido dos valores sociais, assim como o dom de apreciar, valorizar, e seleccionar os objectos, as situações e as pessoas que o rodeiam. Nas reuniões e nos grupos é apreciado pelo seu bom humor, e pelo seu inegável talento para reconciliar inimigos e suavizar rancores. É um recurso muito útil nas relações humanas. Dedica-se, com frequência ao galanteio, aos romances e às aventuras sentimentais, para as quais é empurrado por uma tendência irreprimível.
Como qualidades mais notáveis, devem destacar-se as seguintes: o optimismo, o amor à justiça e à harmonia, conjuntamente com os seus sentimentos de simpatia pela dor e pelo sentimento alheio. Consegue sempre contemplar com agradável ironia e com habilidade, e até suavizá-las totalmente, as situações mais tensas e dramáticas.
Doce, amável, simples, tranquilo, sensato. Sensível, generoso e inteligente, é dotado para fazer comparações. Na vida pública, é moderado, justo conciliador e resistente.
Os nativos não harmónicos são efectivamente, desalinhados, informais, caprichosos, galanteios, palradores, frívolos, irreflectidos, viciosos, complicados e néscios.
Os seus principais defeitos são a debilidade e a submissão. Falta-lhes, falando em termos gerais, a capacidade de guiar as suas famílias por um caminho mais adequado. A sua impaciência, a sua timidez, as suas escassas ambições, afastam-nos normalmente dos caminhos próximos da fortuna e do bem-estar. Por isso, convém-lhes sempre um companheiro ou companheira de carácter forte que saiba dirigir as suas qualidades inatas, demasiado dispersas e difusas.
Neste signo, que rege as uniões afectivas, tanto as matrimoniais como as amistosas, o crime dos seus nativos, apresentem os necessários traços patológicos, costuma ter como base o descobrimento de segredos mútuos que fazem aumentar a tensão emocional e obrigam o rompimento definitivo do grupo em que se produzem.
Deve-se dizer, no entanto, que em geral, o crime do nativo de Balança, quase nunca constitui um feito de carácter individual, mesmo quando o pareça. Na realidade, trata-se de acções tremendamente complicadas em que os interesses, os afectos, os escândalos e as paixões inconfessáveis, sem esquecer a pressão incessante dos ciúmes, produzem um labirinto inextrincável e uma trama quase policial de sentimentos misturados.
Quando tal se verifica, e sem que seja necessário considerar as circunstâncias, não falta, nem na sua forma, nem no seu conteúdo, o “toque” característico da Balança que o diferencia de outros menos afins. Esse “toque” é evidente, sobretudo, naquilo a que, não sem certa presunção teatral, poderíamos chamar a “mise-en-scéne”, o crime em si mesmo que, como qualquer representação, será o mais cuidado e o menos desagradável possível. Esta última circunstância serve para descobrir, por muito inacreditável que pareça, o carácter real do assassino, pois, efectivamente, o nativo da Balança detesta a vulgaridade e o mau gosto, que até na mais ingrata e desagradável das suas acções se sente obrigado a pôr um carimbo de sublime distinção.
PROF. KIBER SITHERC