Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

03
Jan 11

 

            A superstição nasceu com o homem, quando ele atingiu a faixa etária do discernimento. Encontra-se mais desenvolvida nas camadas sociais inferiores, onde o nível cultural é de qualidade mais baixa. Não obstante isso, acha-se também entre os intelectuais e os sábios, não raras vezes com maior intensidade.

 

            Poderá ser definida como sentimento de veneração ou de repulsa, com respaldo no temor e na ignorância dos factos e fenómenos. Suas consequências mais aproximadas estão no cumprimento de deveres estranhos e falsos ou na adesão da crença a objectos e ocorrências, embora de modo infrutífero. Mas, como em grande parte das vezes a superstição se casa com a coincidência dos factos, o supersticioso torna-se cada vez mais apegado às suas ideias.

 

            A superstição arrasta as pessoas à prática de actos indevidos, absurdos, ridículos e contrários ao bom senso e à razão bem formada. Por seu intermédio atribui-se a certas práticas uma espécie de poder mágico ou pelo menos eficácia sem fundamento. No dizer de Bacon, ela forja os ídolos do vulgo, os génios invisíveis, os duendes, as bruxas e os vampiros.

 

            Existem muitas superstições que muitos supersticiosos usam para atrair o dinheiro e a sorte, ora vejamos algumas: 

 

             Estatueta de elefante deve ficar com o rabo para a porta da rua, a fim de atrair dinheiro.

 

            Coceira na mão esquerda é sinal de dinheiro.

 

            A pessoa levar um corte é sinal de riqueza.

 

            Quando o grilo canta na sala de visita é dinheiro que vai chegar.

 

            Quando a pessoa leva um tombo, tem dinheiro enterrado no local onde cai.

 

            Aranha com cinco pernas, fortuna perto.

 

            Quando o menino nasce com o umbigo para baixo, é sinal de ser pobre.

 

            Quem dá esmola através da janela fica pobre.

 

            Trevo de 4 folhas, secar e guardar: muito dinheiro no bolso

 

            Ferraduras: virar as duas pontas de uma ferradura para cima traz boa sorte.

 

            Romãs: para atrair dinheiro, coma sete partes e guarde as sementes na carteira.

 

            Uma nota de dinheiro dentro do sapato: os orientais dizem que a energia entra no nosso corpo pelos pés. Daí o dinheiro no sapato atrai mais e mais riquezas.

 

            As flores da casa devem ser amarelas para chamar ouro.

 

            Jogar moedas da rua para dentro de casa: atrai riqueza para todos que moram no lugar.

 

            Compre um lenço e na noite de 31 de dezembro, exatamente na hora da passagem do ano novo, molhe-o e coloque-o para secar. Antes do sol nascer, recolha o lenço e amarre dentro dele alguns níqueis. Só abra esse embrulho na meia-noite do próximo 31 de dezembro. Daí para frente, nunca mais há de faltar dinheiro.

 

            Não passe o Ano Novo com os bolsos vazios.

 

            Coma doze uvas verdes, à meia-noite do Ano Novo, para ter dinheiro em todos os meses do ano.

 

            Guarde em lugar seguro, para ninguém achar, a tampa da garrafa de champangne, que tenha feito muito barulho, usada na festa de Ano Novo, chama dinheiro.

 

PROF. KIBER SITHERC 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 00:28

24
Out 10

 

            As superstições do dia de casamento são inúmeras e existem desde o início dos tempos, por todo o mundo, atravessando culturas e religiões. Algumas, mais recentes, podem ter motivações comerciais (muitos americanos acreditam que o brilho imutável dos diamantes traz sorte ao casamento, o que, de algumas décadas para cá disparou a venda destas pedras preciosas nos EUA).

 

             Outras, milenares e pagãs, foram adaptadas ao cristianismo (como o uso do véu, originalmente para proteger a noiva dos maus espíritos e, depois, interpretado como sinal de modéstia e castidade). Outras ainda, servem os propósitos de uma festa em que toda a gente se diverte (como partir copos depois do brinde, atirar o bouquet às solteiras ou leiloar a liga da noiva).


            O desejo de fertilidade e prosperidade financeira está também intimamente associado a muitos destes costumes. Aos noivos já se atiraram sapatos para dar sorte e em algumas culturas ainda se lançam pedaços de bolo, pão e doces. Globalizado está o hábito de lançar pétalas e arroz, que têm exactamente o mesmo sentido.

 


            A noiva não deve participar na confecção do seu próprio vestido.


            A noiva não deverá fazer mais do que uma prova do vestido.


            A noiva não deverá envergar o vestido completamente pronto antes do dia do casamento (nem que falte apenas um colchete, é preciso é que não esteja finalizado).


            Se o vestido não for branco, pode ser azul mas nunca preto (simboliza a morte) ou verde (está associado à infidelidade, por causa, imagine-se, das manchas que a erva deixa na roupa das mulheres que se rebolam pelos campos com homens que não os seus legítimos esposos!)


            Nenhuma mulher presente na cerimónia deverá usar um vestido mais comprido que o da noiva.


            Porque dá azar a noiva entrar na sua nova casa com o pé esquerdo ou tropeçar e cair logo à entrada, o noivo deve carregá-la ao colo; porque a paixão se apaga e o amor pode desvanecer-se, é melhor casar em quarto crescente, nunca em quarto minguante; porque sem dinheiro é difícil ser feliz, convém levar uma moeda de prata dentro do sapato; e para manter a chama acesa por muitos e longos anos, a noiva deve esconder um fósforo algures na lingerie.

 

            Que o noivo não deve ver a sua amada vestida de noiva antes da cerimónia, toda a gente sabe. Mas, por causa das confusões, os noivos judeus fazem questão de levantar o véu da noiva antes do início da cerimónia para confirmarem a identidade daquela que está prestes a tornar-se sua mulher.

 

            A noiva não deve ver uma campa aberta no dia do seu casamento.

 

            Se a noiva chorar no dia do casamento, é bom sinal, pois essas serão as últimas lágrimas que derramará em todo o seu casamento.

            Se o noivo deixar cair a aliança de casamento durante a cerimónia, o casamento não será dotado de boa sorte.

 

            Os votos não devem ser ditos depois de as horas começarem a andar para trás, ou seja, depois das 18:00.

 

            O sábado é o dia menos feliz para realizar um casamento.

 

            O noivo deve chegar à igreja antes da noiva e deve entrar na igreja com o pé direito.

 

            A menina das flores anuncia a noiva com flores como símbolo de fertilidade.

 

            Se a irmã mais nova casar primeiro que a mais velha, a mais velha deve dançar descalça no dia do casamento da irmã. Se não o fizer, nunca encontrará um marido.

 

            Dá sorte casar num dia da semana em que o noivo tenha nascido, ou mesmo no seu dia de aniversário.

 

            A noiva não deve ajudar, nem ser ela a confeccionar o seu vestido de casamento.

 

            Emprestar um vestido de casamento significa boa sorte para quem o recebe e má sorte para quem o empresta.

 

            As damas de honor servem para confundirem os maus espíritos, para que não saibam quem é a noiva.

 

            Usar pérolas no dia do casamento significa que por cada pérola serão derramadas lágrimas de tristeza.

 

            O véu protege a noiva dos maus espíritos.

 

            Se a noiva rasgar o seu vestido no dia do casamento significa que o seu casamento terminará com morte.

 

            É considerado sinal de boa sorte se a noiva encontrar uma aranha no seu vestido de noiva no dia do casamento

 

            O primeiro a adormecer na noite de núpcias será o primeiro a morrer.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 00:49

22
Out 10

 

            Conta-se nos açores que Nossa Senhora havia abençoado a aranha. Isso teria acontecido quando Nossa Senhora e São José, na companhia do Menino Jesus, iam a caminho do Egipto. Procurando despistar os soldados de Herodes, que se avizinhavam, a Sagrada Família apressou-se a tomar refúgio numa gruta.


            Foi então que uma aranha, com a maior rapidez, teceu uma enorme teia à entrada dessa gruta. Os soldados, quando por lá passaram, viram a teia e continuaram na marcha, convencidos que ninguém estaria na gruta, pois que a teia ter-se-ia rompido se alguém penetrasse nesse esconderijo.

 

            Também havia a crença nos Açores que as bruxas que transformavam em aranhas.

 

            No seu livro “Açores, Lendas & Outras Histórias”, Ângela Furtado Brum transcreveu a estranha metamorfose ocorrida na ilha Graciosa, em princípios do século passado, quando uma feiticeira, disfarçada em aranha, matava os bebés chupando-lhes o sangue.


           Desnecessário acrescentar que tal ocorrência é pura fantasia e simplesmente inacreditável.


            Uma outra lenda, muito engraçada e bastante ingénua, referia-se a um ferreiro que sofria de maleitas, e por isso bebia coisas azedas para se livrar delas. Visto que maleitas detestam coisas azedas, elas foram queixar-se a uma aranha, que vivia na casa dum homem rico.


            As maleitas tiveram conhecimento que a tal aranha andava descontente, porque as empregadas que faziam a limpeza na casa do homem rico, estavam sempre a desmanchar as teias que a aranha tecia.


            Determinaram, assim, trocar residências. As maleitas passaram a viver contentes na casa do homem rico, uma vez que este tomava coisas boas, enquanto a aranha sentiu-se feliz na companhia do ferreiro, visto que ele nunca limpava as teias da forja.


            O Dr. José Leite de Vasconcelos (Etnografia Portuguesa, Volume IX, Edição 1985), escreveu que uma tecedeira, sua vizinha, não se atrevia a desmanchar as teias de aranha, porque receava que o diabo lhe viesse enredar o trabalho no seu tear. Uma outra tecedeira estava convencida que a aranha era mais curiosa, mais desembaraçada e mais ligeira, do que ela própria. Há quem chame tecedeiras às aranhas, e há quem diga que as tecedeiras aprenderam com a aranha a fazer a mesma felpa.


            O Dr. Luís da Silva Ribeiro anotou que, nos Açores, são muitas as superstições associadas com as aranhas, e quase sempre mais ou menos ligadas a dinheiro.

 
            “Na Terceira quanto mais pequenas são melhor e, segundo alguns, para o dinheiro vir, devem matar-se com o dedo mínimo”. (OBRAS, Volume I, Ed. 1982). José Henrique Borges Martins (Crenças Populares da Ilha Terceira, Volume II, 1994), registou que é sinal de dinheiro ver uma aranha miúda, mas para obter o dinheiro mais depressa, deve matar-se a aranha com esta invocação: “Aranha morta, dinheiro à minha porta”. Acontece, porém, uma vez por outra, aparecer à porta uma carta ou uma prenda em lugar de dinheiro. Há ainda quem meta aranhas pequenas debaixo dum castiçal, retendo-as ali até receber o dinheiro.


            Em certas localidades era crendice imperativa examinar o tamanho e cor das aranhas. Se era pequenina e loura, era sinal de gosto, mas se era preta assinalava desgosto. As aranhas grandes serviam como prenúncio de mau tempo, mortes e zaragatas.   

       

            O saudoso “Mestre” Carreiro da Costa legou-nos a informação que São Bento, naturalmente porque foi eremita de grande austeridade e lidou com aranhas, “costuma ser invocado sempre que se vê uma aranha, sendo necessário cuspir três vezes. Caso contrário, a aranha irá ter à cama da pessoa, mais não seja para lhe pregar um susto”.


            Expressões populares têm, por exemplo, pernas de aranha (pessoa muito magra); andar às aranhas, ou seja, à toa; ver-se em palpos de aranha (achar-se em apuros); e ter teias de aranha (ilusões).


             Rezam os provérbios: “Quem não tem arte nem manha, morre no ar como a aranha”, e ainda “Guardou-se da mosca, comeu-o a aranha”.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 00:30

09
Out 10

 

            A data, que cai neste domingo, já regista recordes de casamentos, boatos sobre pane em computadores e até um movimento pela redução das emissões de carbono no mundo.

 

            Acredita-se que a combinação traz sorte, já que a coincidência dos algarismos finais de um ano com os do dia e do mês só acontece 12 vezes por século, em cada um dos anos que terminem com entre 01 e 12.

 

            Noivos competem pela data desde 2009. Na China, espera-se que milhares de casais realizem as suas cerimónias no dia, considerado uma data de sorte na cultura do país.

 

            Em Xangai, os cartórios estão completamente reservados para cerimónias entre 10h e 10h20 da manhã. Em Singapura, 774 casais irão sacramentar suas uniões na data, enquanto a média é de 70 em um domingo normal.

 

            Na Inglaterra, 31 mil casais devem subir ao altar no 10/10/10, quase o dobro de casamentos de qualquer outro dia do mês, segundo a imprensa local.

 

            Mas numerólogos entrevistados pela BBC Brasil alertam que a data pode não ser o que parece.

 

            De acordo com Gilson Chveid Oen, casamentos realizados no dia 10 de Outubro de 2010 estão fadados a terminar.

 

            "O resultado da soma da data é o número cinco, que está relacionado à possibilidade de mudanças transformações. Casamentos que começam neste dia serão instáveis e só se manterão enquanto houver prazer sexual", explicou.

 

            Vírus

 

            Com a proximidade da data, também surgiram rumores de que os computadores iriam parar ao marcar 10/10/2010.

 

            No entanto, especialistas disseram que é improvável que isso ocorra.

 

            Outros sites levantaram a possibilidade de que vírus específicos fossem criados para a data. O especialista em segurança de computadores Graham Cluely, consultor da empresa Sophos, disse em seu blog que a ideia de criar vírus para datas com combinações curiosas não é nova.

 

            "Eu já tive que excluir rumores de que a internet iria parar em 3 de Março de 2003", disse.

 

            Ele alerta para o fato de que cerca de 60 mil novos programas maliciosos são descobertos todos os dias na internet.

 

            Para Cluely, o dia 10 de Outubro não será diferente.

 

            Acção global

 

            Outro grupo de pessoas decidiu aproveitar o simbolismo do dia para uma causa mais abrangente. A documentarista britânica Fanny Armstrong e a sua equipa criaram o movimento 10:10:10, que pede a adesão de pessoas em todo o mundo em um dia de comprometimento com a redução das emissões de carbono.

 

            No site oficial do movimento, é possível inscrever eventos de mobilização que serão organizados neste domingo.

 

            Num comunicado, os organizadores pedem que pessoas, empresas e instituições públicas se comprometam com a redução de 10% de suas emissões de carbono a cada ano.

 

            Até agora, personalidades como a estilista britânica Viviene Westwood e empresas como a Adidas já se comprometeram com a causa. De acordo com os números oficiais, 152 países terão eventos relacionados com a causa.

 

            Segundo a numeróloga Aparecida Liberato, da Associação Internacional de Numerologia, iniciativas como estas têm mais chances de dar mais certo do que casamentos.

 

            "O número cinco está associado à revolução e ao progresso. Qualquer movimento que se proponha a provocar transformações tem mais chances se for começado neste dia".

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 21:37

13
Set 10

 

            Superstições assombram as borboletas desde a Antiguidade. Para os egípcios, quando uma pessoa morria, o seu espírito deixava o corpo sob a forma de borboleta. A crença viajou até Roma, passando pela Grécia, onde a palavra psiké, a psique, servia ao mesmo tempo para a alma, o espírito e a borboleta.

 

            Segundo a superstição japonesa, acreditam que a borboleta representa a renovação da vida, e quando duas delas estão juntas representam o amor, no entanto várias delas juntas é sinal de que maus dias virão; e quando uma borboleta entrar na sua casa, com certeza alguém que você gosta o visitará!

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            Algumas pessoas acreditam que as borboletas vem no primeiro dia do ano “avisar” sobre como será aquele ano para a pessoa. Se a borboleta for branca, a boa sorte está garantida. Mas se for preta… O problema é que algumas pessoas acreditam de verdade nisso e matam as pobres borboletas pretas, que são chamadas de “bruxas” em algumas regiões do país.

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            Sob a óptica popular, no Brasil, esses insectos da ordem Lepidoptera, superfamília Papilionoidea, são mensageiros de boas ou de más notícias, dependendo da cor — possivelmente porque os supersticiosos consideram agourentas as nocturnas, escuras, que pertencem a outra superfamília.

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            Dizem que quando as borboletas azuis volteiam voando em nossa volta é sinal de boas notícias a caminho e quando as borboletas marrons, a que se chamam de "bruxas" e principalmente quando elas entram dentro de casa, é sinal de má notícia ou uma perda que vem com um grande aborrecimento. Se ela morrer dentro da própria casa, sem ninguém tocar ela, é sinal que o mal foi cortado.

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            Estudou-se a crendice popular de que a introduçäo do pó (escamas) das asas de borboletas e mariposas no olho poderia causar a cegueira. Investigou-se a distribuiçäo geográfica da crendice no Brasil, entrevistaram-se médicos oftalmologistas, realizou-se estudo experimental dos efeitos clínicos da introduçäo de escamas de algumas famílias de lepidópteros no olho de cobaias albinos. Apresentou-se também a história clínica de três pacientes que relacionavam o seu problema ocular ao contato com lepidópteros. A crendice está amplamente difundida em todo o Brasil. A maioria dos oftalmologistas entrevistados conhecia a crença mas nenhum jamais constatou problemas oculares sérios atribuíveis ao contato com lepidópteros adultos. O estudo experimental na cobaia mostrou apenas irritaçäo ocular tipo corpo estranho que desapareceu após aproximadamente 48 horas. Conclui-se que a crendice näo tem fundamento científico.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

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08
Set 10

 

            A osga-moura (Tarentola mauritanica) é uma espécie de osga que é vulgarmente encontrada em Portugal. É uma osga de tamanho médio, atingindo cerca de 8,5 cm. Tem um aspecto achatado, com uma grande cabeça bem destacada do corpo, com olhos grandes e redondos. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as osgas não são venenosas e até são muito benéficas pois alimentam-se de vários insectos (incluindo moscas e mosquitos) e de aranhas.

 

            Vivem em toda a península Ibérica. Em Portugal são abundantes no centro e sul do país, sendo muito raras no norte.

            Gostam de viver em zonas rochosas ou pedregosas, no entanto também se dão bem em zonas urbanas, onde aparecem principalmente em muros, habitações velhas ou troncos apodrecidos, mas também em casas habitadas.

            Hibernam entre Novembro e Fevereiro. De inverno, antes de hibernar, aparecem de dia pois gostam de apanhar um pouco de sol; no verão só aparecem de noite, para evitar as horas de mais calor.

 

            A sua alimentação é feita à base de baratas formigas, aranhas, escaravelhos, moscas, mosquitos e traças. No verão, à noite, posicionam-se perto de luzes à espera dos insectos que são atraídos por estas.

            Normalmente reproduzem-se duas vezes por ano, uma em Março/Abril e outra em Junho/Julho. Nestas alturas apresentam um comportamento territorial muito acentuado.

            A deposição dos ovos é feita em grupo, aparecendo no mesmo local ovos de fêmeas diferentes.

 

            Na minha infância, quando vivia em Santarém, sempre ouvi dizer que as osgas eram venenosas. Lembro-me de uma vizinha já velhota contar que uma família inteira morreu por uma osga ter caído na cafeteira do leite, e que só um membro da família se salvou, por não gostar de leite e por não o misturar com o café.

            Ver uma osga era horrendo, agarrava-se logo de uma vassoura para a matar, vi uma vez um homem no quintal dizer a uma vizinha: “Não se mexa”. A mulher ficou imóvel e ele deu um soco na sua saia que caiu uma osga no chão, então ele a pisou com toda a força. Ficámos todos horrorizados, ela tinha uma osga pendurada na saia e sem dúvida aquele homem lhe salvou a vida.

 

            Também se contava que já pessoas tinham morrido envenenadas por osgas que tinham caído nos cântaros, onde tinham a água para beber, todo o cuidado era pouco não podia haver o descuido se uma vasilha ficar destapada, porque podia lá dentro cair uma osga.

            O seu aspecto era repugnante, gordas e borbulhentas e dizia-se que elas expeliam pela boca uma baba que envenenava. Essa "peçonha" era bastante prejudicial por onde elas passassem e se tocassem por exemplo em alimentos.

 

            Havia uma tal fobia pelas osgas que se temia abrir as janelas durante o verão, lembro-me de alguém arrancar uma bela trepadeira que lhe cobria toda a parede até à janela, foi arrancada porque as osgas ali se escondiam e entravam pela janela.

            As osgas caíam frequentemente pelas chaminés e havia a superstição que elas caíam nos recipientes (panelas e cafeteiras) e envenenavam a comida.

            Tinha uma gata que aparecia muitas vezes com osgas ainda vivas na boca, a minha mãe as matava horrorizada e lavava a boca da gata para que não morresse envenenada.           

 

            No Sri Lanka, existem várias superstições sobre o som emitido pelas osgas. A população acredita que ouvir a voz da osga quando se está a sair de casa é um sinal de alarme. Quando se ouve a voz da osga vinda de trás, significa que alguém invejoso lhe tentará complicar a vida; se vier do lado esquerdo, significa boa sorte, se vier do lado direito significa azar. Se uma osga cair em cima de alguém, dependendo da parte do corpo, pode significar sorte ou azar.

 

            Na Tailândia, se ouvir o choro da osga sete vezes seguidas ou mais, isso trar-lhe-á boa-sorte.

            As osgas são um sinal de boa sorte no Havai.

 

            As pessoas pouco esclarecidas pensam que estes animais são perigosos e venenosos, e por essa razão sempre que as vêem tentam matá-las, o que põe em causa a sobrevivência desta espécie. Desconhecem que há povos que comem osgas.

            Um dos meios para ajudar à preservação desta espécie passa pela sensibilização das pessoas para a utilidade da mesma como forma de controlar a população de insectos.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 21:16

13
Jul 10

         

            A Sexta-feira no dia 13 de qualquer mês, é considerada popularmente como um dia de azar. Por que a sexta-feira 13 é considerada o dia do azar?

 

            Tudo indica que essa crendice vem de duas lendas da mitologia nórdica. De acordo com a primeira delas, houve, no Valhalla (a morada celestial das divindades), um banquete para 12 convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga em que morreu Balder, o favorito dos deuses. Instituiu-se, então, a superstição de que convidar 13 pessoas para jantar era desgraça na certa e esse número ficou marcado como símbolo do azar.

 

             A segunda lenda é protagonizada pela deusa do amor e da beleza, Friga, cujo nome deu origem às palavras friadagr e friday, "sexta-feira" em escandinavo e inglês. Quando as tribos nórdicas se converteram ao cristianismo, a personagem foi transformada numa bruxa exilada no alto de uma montanha.

 

            Para se vingar, Friga passou a reunir-se, todas as sextas-feiras, com outras 11 feiticeiras, mais o próprio Satanás, num total de 13 participantes, para rogar pragas sobre a humanidade.

 

            Da Escandinávia, a superstição espalhou-se por toda a Europa, reforçada pelo relato bíblico da Última Ceia, quando havia 13 pessoas à mesa, na véspera da crucificação de Cristo, que aconteceu numa sexta-feira.

 

             No Antigo Testamento judaico, inclusive, a sexta-feira já era um dia problemático desde os primeiros seres humanos. Eva teria oferecido a maçã a Adão numa sexta-feira e o grande dilúvio teria começado no mesmo dia da semana

 

            O número 13 é considerado de má sorte. Na numerologia o número 12 é considerado de algo completo, como por exemplo: 12 meses no ano, 12 tribos de Israel, 12 apóstolos de Jesus ou 12 signos do zodíaco. Já o 13 é considerado um número irregular, sinal de infortúnio. A sexta-feira foi o dia em que Jesus foi crucificado e também é considerado um dia de azar. Somando o dia da semana de azar (sexta) com o número de azar (13) tem-se o mais azarado dos dias.

 

            Esta superstição pode ter tido origem no dia 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França; os seus membros foram presos simultaneamente em todo o país e alguns torturados e, mais tarde, executados por heresia.

 

            Além da caça aos templários, a sexta-feira ficou conhecida por ser o dia das execuções oficiais. Na Inglaterra, era esse o dia em que os prisioneiros eram enforcados. Conta-se, também, que os condenados davam 13 passos até chegar ao local da corda.

  

            Muito da superstição que já existia quanto à sexta-feira e ao número 13 se intensificou quando houve o acidente com a missão tripulada da agência espacial americana Apollo 13, em 1970.  

 

            A missão partiu da terra às 14h13 e, no dia 13 de abril, dois dias depois do lançamento, foi abortada após uma explosão em um dos tanques de oxigênio. Os tripulantes conseguiram voltar ilesos para a Terra no dia 17.

 

            Tudo isso fez com que crescesse a superstição quanto à sexta-feira 13. Ainda hoje, há prédios que não tem o andar 13, há ruas em que a numeração passa por 11, 12, 12,5 e 14 e existem países que tiraram o 'número do azar' de sua loteria nacional.

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            Algumas pessoas, no entanto, levam tão a sério as superstições que desenvolvem uma fobia do número. O nome científico para isso é  Triscaidecafobia (triskaidekaphobia) e é citado em manuais e livros médicos. Segundo Robert B. Taylor escreveu no livro "White Coat Tales", um escritor russo chamado Sholom Aleiehem, que viveu no século XIX, tinha triskaidekaphobia. Ele morreu num dia 13 mas, se você visitar sua lápide, num cemitério de Glendale, Nova York, vai encontrar a data 12a de maio de 1916.

 

            O psicólogo Marcos R. Maximino, do Núcleo de Medicina Comportamental do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), confirma a existência da fobia do 13. Segundo ele, “um comportamento supersticioso surge quando a pessoa associa (de forma intencional ou não), determinados factos que ela vive, dando a eles valor positivo ou negativo. Assim, surge uma crença que pode ser positiva (sorte) ou negativa (azar): factos da vida quotidiana passam a ter um significado especial, sem que essa pessoa perceba. A superstição é uma crença fundamentada na idéia de que determinado comportamento, atitude, número ou palavra pode trazer sorte ou azar.”

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            Outra possibilidade para esta crença está no facto de que Jesus Cristo provavelmente foi morto numa sexta-feira 13, uma vez que a Páscoa judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, no calendário hebraico.

 

            Recorde-se ainda que na Santa Ceia sentaram-se à mesa treze pessoas, sendo que duas delas, Jesus e Judas Iscariotes, morreram em seguida, por mortes trágicas, Jesus por crucificação e Judas provavelmente por suicídio.

 

            Enquanto o medo irracional e incomum do número 13 é chamado de Triscaidecafobia. Já o medo específico da sexta-feira 13 (fobia) é chamado de Paraskavedekatriaphobia ou parascavedecatriafobia, ou ainda frigatriscaidecafobia.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 18:02

28
Jun 10

 

                Esta superstição existe desde os tempos do império romano, porque o sal era uma espécie de ouro para os romanos já que era com ele que se preservavam os alimentos. Logo, derramá-lo significava desperdiçar algo bastante valioso. Curiosamente, os soldados eram pagos com sal, daí a origem da palavra salário, em latim salarium.


            Má sorte, se isto lhe ocorre ao segurar o saleiro, a não ser que se apresse a pegar uma pitada e jogá-la acima do ombro esquerdo directamente na cara do diabo. Porquê este é o local onde o demónio aguarda paciente para que nossa natureza pecadora renuncie a alma para sempre.


            O sal jogado não tem outro fim que o de cegar temporariamente, para que o espírito tenha tempo de voltar a ficar afiançado pela boa sorte. Desde a Grécia antiga, o sal teve um grande poder simbólico: procede da Mãe Terra, do mar; as lágrimas e a saliva são salgadas, e conserva, condimenta e enriquece os alimentos. Por isso, o filósofo grego Platão (427-347 a.C.) afirmava que o sal era “uma graça especial dos deuses”.

 

            O homem pré-histórico obtinha a sua dose de sal graças à carne crua de suas caças. Foi a passagem para a agricultura e para uma alimentação à base de grãos que introduziram a necessidade de complemento. O sal teve grande impacto também na história das civilizações: graças ao seu poder de conservar os alimentos facilitou a sobrevivência e a mobilidade das populações. Antes da Idade Média, pescadores holandeses já sabiam salgar o arenque para armazená-lo, tornando o peixe acessível longe do mar e durante o ano inteiro. O bacalhau salgado também é anterior à Idade Média. 

                                                                          

            No artigo “Na Bahia Colonial”, Taunay descreve o entusiasmo do viajante Pyrard de Laval na Bahia, em 1610. “É impossível terem-se carnes mais gordas, mais tenras e de melhor sabor. (...) Salgam as carnes, cortam-na em pedaços bastante largos, mas pouco espessos (...). Quando estão bem salgadas, tiram-nas sem lavar, pondo-as a secar ao sol; quando bem secas, podem conservar-se por muito tempo.”

 

            Os indígenas brasileiros não conheciam o sal. Era das carnes da caça que vinha a porção de que necessitavam. Os seus temperos eram as pimentas vermelhas (piripiri), e o seu método de conservação era o moqueio – defumação lenta sobre braseiro de folhas e gravetos. O sal foi introduzido no Brasil pelos portugueses e seu emprego como conservante influiu decisivamente na ocupação do território brasileiro. O charque, ou carne-seca, foi a base da alimentação dos boiadeiros do Nordeste, que avançaram pelo interior em direcção ao sul, em busca de terras para a pecuária, e dos bandeirantes paulistas, que tomaram o rumo noroeste, em busca de novas riquezas.

 

            O sal está presente em rituais religiosos de diversas épocas e civilizações. Foi usado por gregos, romanos, asiáticos e árabes. Mas talvez nenhuma tradição lhe tenha dado tanto destaque quanto a judaico-cristã. O Antigo Testamento menciona o sal com frequência, ora no contexto da vida prática, ora simbolicamente. Sal significa, por exemplo, pureza e fidelidade. No Novo testamento, a menção ao sal torna-se mais metafórica. Jesus diz a seus apóstolos - “Vós sois o sal da terra”.  

 

            Até o início da industrialização e em diferentes civilizações, o sal na mesa significou prestígio, orgulho, segurança e amizade. A expressão romana para exprimir ser infiel a uma amizade era “trair a promessa e o sal”. Desde aqueles tempos a ausência de um saleiro sobre a mesa representava um presságio, tanto quanto o sal derramado. Ao pintar a sua famosa “Santa Ceia” Leonardo da Vinci tratou de colocar diante de Judas um saleiro derramado.

 

            Abolido por Lutero no ritual de baptismo da religião protestante ainda no século 16, o uso do sal perdurou no baptizado católico até 1973, simbolizando a expulsão do demónio e o sinal de sabedoria sobre o recém-nascido. Ainda hoje, as batatas e ovos cozidos servidos no Pessach, a Páscoa judaica, são regados com água salgada, que simboliza as lágrimas derramadas pelos judeus na travessia do deserto, durante a fuga do Egipto.

 

            Nas crenças populares, ele é um ingrediente obrigatório para afastar demónios e feiticeiras. No Brasil, senão uma prática, o banho de sal grosso é uma expressão comum para designar protecção contra o mau-olhado. Recipientes com sal e uma cabeça de alho podem ser vistos com frequência não apenas em casas, mas também em lojas e escritórios. A final, que las hay, las hay...  

 

            Acredita-se que foi a Igreja que tomou emprestado esse uso para os seus rituais, sobretudo os de exorcismo, e não o contrário. A explicação de um demonólogo francês do século 16 para os poderes anti-diabólicos do sal: “ele é a marca da eternidade e da pureza, porque jamais apodrece ou se corrompe. E tudo o que o diabo procura é a corrupção e a dissolução das criaturas, tanto quanto Deus busca a criação. Daí a obrigação, pela lei de Deus, de colocar sal na mesa do santuário...”

 

            Povos antigos atribuíram ao sal poderes afrodisíacos e acreditavam que a sua carência reduzia a potência sexual dos homens. Uma gravura satírica francesa do século 16 mostra mulheres de diversas classes sociais numa actividade insólita: debruçadas sobre os maridos sem calças, que esperneiam, aprisionados em barris, elas esfregam com sal, vigorosamente, suas partes íntimas.  

 

            Existe um grande número de superstições em torno do sal. Eis algumas:  

 

            - O saleiro passado de mão em mão a outra pessoa da mesa traz má sorte. No Brasil, recomenda-se que ele não seja levantado da superfície da mesa. Nos Estados Unidos, existe o ditado “passe-me sal, passe-me sofrimento”.

 

            - Espalhar sal afugenta os vampiros.

 

            - Usar um sachê de sal pendurado no pescoço afasta os maus espíritos.

 

            - Derrubar sal traz má sorte, a menos que se jogue uma pitada por cima do ombro direito.

 

            - Para afastar os maus espíritos, joga-se sal por cima do ombro esquerdo.

 

            - Cada grão de sal derrubado equivale a uma lágrima. Para evitá-las, leva-se imediatamente o sal derrubado para uma panela no fogo. Isso bastará para secar as lágrimas.

 

            - Emprestar ou pedir emprestado sal ou pimenta destrói a amizade. É melhor oferecê-los e aceitá-los como um presente.

 

            - No Médio Oriente acredita-se que quando duas pessoas comem sal juntas, formam um vínculo. Por isso, usa-se sal para selar um contrato.

 

            - No Havai, a pessoa que volta de um funeral polvilha sal sobre si mesma, para garantir que os maus espíritos que rondassem o defunto não a acompanhem em casa.

 

            - No Japão, espalha-se sal no palco antes da apresentação para evitar que maus espíritos joguem pragas sobre os actores.

 

            - Em muitos países espalha-se sal no umbral da porta de uma casa nova para impedir a entrada de maus espíritos.

 

            - Deixar um copo de vidro cheio de sal grosso no canto da sala, traz sorte.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

"Santa Ceia" de Leonardo da Vinci

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publicado por professorkibersitherc às 21:41

09
Mai 10

 

           Já notou na entrada do avião, ao sair da escada ou rampa, tem gente que troca o passo, disfarçando, para entrar com o pé direito? Quem tem que entrar no avião com o pé direito é o comandante, afinal, ele é que “leva todos”. 

 

            A superstição de entrar em algum lugar com o pé direito para dar sorte é de origem romana. Nas grandes celebrações dos romanos, os donos das festas acreditavam que entrando com tal pé, evitariam agouros na ocasião da festa. A palavra “esquerda” significa do latim, sinistro, daí já fica óbvia a crença do lado obscuro dos inocentes pés esquerdos. Foi a partir daí que a crença se espalhou por todo o mundo.

 

            Segundo consta, os lados direito e esquerdo simbolizavam o bem e o mal para os romanos. E para nós também! Tanto é que temos a mania de falar que as pessoas que nos ajudam são o nosso “braço direito”. Da mesma forma, “canhoto” ou “esquerdo” são uns dos vários termos que denominam a figura do diabo na cultura cristã.

 

            A crença de que o lado direito é bom, ao contrário do que acontece com o esquerdo, vem de longa data. No Antigo Egipto, Set, deus das trevas, da noite e do mal, era chamado de “olho esquerdo do Sol”.

            No budismo, Buda descreve que no caminho para o Nirvana, são encontradas duas opções: uma representada pelo caminho da mão esquerda, a via errada, que se deveria evitar, dando preferência ao caminho da mão direita que seria o caminho da salvação.

            Já no cristianismo, Cristo representava os eleitos como estando à direita e os condenados à esquerda.

 

             Figuras históricas seguiram a recomendação, entre as quais Rui Barbosa (1849-1923), que, em discurso às vésperas da posse do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), disse: “Que o novo presidente entre com o pé direito.” Um supersticioso famoso foi Alberto Santos Dumont, que em 1918, mandou construir em sua residência escadas por onde só era possível subir iniciando o percurso com o pé direito. Ainda hoje se fabrica a “escada Santos Dumont”.

 

PROF. KIBER SITHERC  

 

 

 

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publicado por professorkibersitherc às 20:48

24
Abr 10

 

            A origem dessa superstição, referente ao espelho pensa-se que tem a ver com o mito da Grécia antiga sobre Narciso, que se apaixonou pela própria imagem reflectida num lago, mas morreu de inanição ao passar o resto da vida tentando acariciá-la. "Esse mito mostra que a beleza, assim como o reflexo, são efémeros e transitórios. A quebra da imagem representa simbolicamente a própria morte", diz o helenista António Medina Rodrigues.

 

            Na Grécia antiga praticava-se um método de adivinhação chamado catoptromancia, pensa-se que deu outro impulso importante à superstição. Provável precursor da bola de cristal, o método consistia em usar um copo raso ou uma tigela de louça com água para reflectir a imagem da pessoa que queria saber de sua sorte. Se durante a sessão o recipiente caísse e quebrasse, significava que a pessoa iria morrer ou os dias vindouros seriam catastróficos.

 

            Os romanos adoptaram esse costume de adivinhação helénica, acrescentando que a má sorte se estenderia por sete anos, tempo que acreditavam levar para se iniciar um novo ciclo de vida do ser humano. O pânico diante da possibilidade de que o reflexo fosse quebrado existia porque a imagem reflectida era tida como a própria alma da pessoa. Esse tipo de interpretação explica o aparecimento de outras lendas posteriores, como a de que os vampiros não aparecem reflectidos aí, justamente por não terem alma.

 

            Outra explicação vem do fim do século 13, quando surgiram os primeiros espelhos de vidro como conhecemos hoje, na Itália. Na época, esses objectos eram muito caros, e as pessoas que costumavam limpá-los eram advertidas que se o quebrassem teriam muitos anos de azar. No Brasil, os historiadores dizem que essa crença deve ter vindo com os portugueses e se juntado a outras crenças dos índios e de outros povos. Na verdade, tudo isso é apenas superstição, sem nenhum fundamento. O que traz má sorte são ter pensamentos nocivos e ficar pensando neles.

 

            Para os supersticiosos, há duas formas de impedir o azar: moer os cacos do espelho quebrado até que não se possa ver qualquer reflexo ou enterrá-los no chão. Quem acredita nisso diz que o importante é lançar fora o objecto quebrado pois pode atrair energias negativas para o ambiente. No entanto, os vidraceiros garantem que, dependendo do tamanho, o espelho pode ser reaproveitado. Quando não há mais jeito, é reciclado e vira outro.

  

            Provavelmente você dá uma olhada no espelho antes de sair de casa. Dentro de um elevador de paredes espelhadas, é certo que aproveita para ajeitar a roupa ou o cabelo. As superfícies que refletem a luz são tão fáceis de ser encontradas no ambiente urbano que é difícil imaginar o quanto elas foram disputadas no passado.

 

            Tudo indica que a primeira vez que o ser humano viu seu reflexo foi na água. Isso deve ter mudado em cerca de 3000 a.C., quando povos da atual região do Irã passaram a usar areia para polir metais e pedras. Esses espelhos refletiam apenas contornos e formas. As imagens não eram nítidas e o metal oxidava com facilidade.

 

            Pouco mudou até o fim do século 13. Nessa época, o homem já dominava técnicas de fabricação do vidro, mas as peças eram claras demais, e por isso não tinham nitidez. Até que, em Veneza, alguém teve a ideia de unir o vidro a chapas de metal. “Os espelhos dessa época têm uma pequena camada metálica na parte posterior do vidro. Assim, a imagem ficava nítida, e o metal não oxidava por ser protegido pelo vidro”, diz Claudio Furukawa, pesquisador do Instituto de Física da USP. Surgia assim o espelho como o conhecemos até hoje.

 

            Mas este era um produto raro e caro. Os chamados espelhos venezianos eram mais valiosos que navios de guerra ou pinturas de gênios como o renascentista italiano Rafael (1483-1520). A democratização do artigo começou em 1660, quando o rei da França Luís XIV (1638-1715) ordenou que um de seus ministros subornasse artesãos venezianos para obter o segredo deles. O resultado pode ser conferido na sala dos espelhos do palácio de Versalhes.

 

            Com o advento da Revolução Industrial, o processo de fabricação ficou bem mais barato e o preço caiu. “Mesmo assim”, afirma o antropólogo da PUC-RJ José Carlos Rodrigues, “o espelho só se popularizou e entrou nas casas de todos a partir do século 20.”

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 01:11

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