Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

01
Abr 11

 

            Cozido nas Furnas são grande atracção turística de São Miguel. O ritual que se repete todos os dias para retirar as panelas das caldeiras vulcânicas é uma espécie de ‘aperitivo’ para o Cozido das Furnas, depois saboreado num dos restaurantes desta localidade na ilha de São Miguel, Açores.

 

            As panelas, com todos os ingredientes lá dentro, são colocadas nas caldeiras naturais existentes junto à Lagoa das Furnas, sendo depois cada caldeira tapada com uma tampa de madeira e coberta com terra.

 

            Esta operação ocorre às primeiras horas do dia e é apenas presenciada pelos funcionários dos restaurantes, mas a abertura das caldeiras, cinco horas mais tarde, já é um ponto de passagem obrigatória para os turistas.

 

            O Cozido das Furnas, um dos pratos gastronómicos mais conhecidos de São Miguel, tem a particularidade de ser cozinhado pelo calor natural que é libertado pela actividade vulcânica existente no interior da Terra.

 

            Nas Furnas, onde existem vários restaurantes especializados neste prato, cada dose custa cerca de 13 euros e os empregados não têm mãos a medir para servir todos os interessados. Os principais espaços de restauração das Furnas, contactados pela Lusa, revelaram servir todos os dias largas dezenas de cozidos das Furnas aos seus clientes. “Em cada 100 pessoas, só uma ou duas é que não gosta deste prato”, salientou o proprietário de um dos restaurantes.

 

            No mesmo sentido, o responsável de um dos mais conhecidos restaurantes das Furnas admitiu que o cozido representa “mais de 80 por cento” do movimento registado no seu estabelecimento. “São muitas as pessoas que se deslocam às Furnas só para comerem o cozido”, frisou.

 

            Por essa razão, é consensual entre os proprietários dos restaurantes a vantagem que pode resultar da criação da marca ‘Cozido das Furnas’, cujo processo será lançado pela Câmara da Povoação durante a VI Mostra do Cozido das Furnas, que decorre entre sexta-feira e domingo. “É uma forma de promover um prato que é genuíno”, frisou um dos proprietários contactados pela Lusa. A ideia, segundo outro proprietário, é que as pessoas “fiquem com a certeza de que estão a comer o verdadeiro cozido, feito nas caldeiras”.

 

            Preparação:

 

            Cortam-se todas as carnes em bocados. Descascam-se as batatas, os nabos e as cenouras cortando tudo ao meio. As couves cortam-se em quatro partes. Numa grande panela de alumínio, colocam-se todos os ingredientes em camadas, sendo a última de sal grosso. Colocam-se por cima, folhas de couve a cobrir bem. Tapa-se a panela e atam-se as asas à tampa com uma corda. Coloca-se a panela dentro de um saco de serapilheira, que se ata também. Mete-se o conjunto, assim preparado, dentro de uma das caldeiras naturais das furnas. Tapa-se depois a caldeira com uma tampa de madeira e cobre-se com terra, tendo o cuidado de deixar de fora a corda do saco de serapilheira. Passadas cerca de quatro horas, retira-se a panela. Abre-se, tiram-se as couves, que só têm utilidade para não deixar sair o vapor, e serve-se tudo em travessa bem quente.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 23:31

18
Out 10

 

            Tourada à corda, toirada à corda ou corrida de touros à corda, é um divertimento tauromáquico tradicional nos Açores, com particular expressão na ilha Terceira, acreditando-se ser a mais antiga tradição de folguedo popular do arquipélago. A modalidade tauromáquica é específica dos Açores e caracteriza-se pela corrida de 4 touros adultos da raça brava da ilha Terceira ao longo de um arraial montado numa rua ou estrada, num percurso máximo que regra geral é de 500 m.

 

            O animal é controlado por uma corda atada ao seu pescoço (daí a designação do tipo de tourada) e segura por 6 homens (os pastores) que conduzem a lide e impedem a sua saída para além do troço de via estipulado. A lide é conduzida por membros do público, em geral rapazes, embora seja admissível a presença de capinhas contratados. Após a lide, os animais são devolvidos às pastagens sendo repetidamente utilizados, embora com um período de descanso mínimo de 8 dias.

 

            O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola. Contudo, presume-se que as corridas de touros à corda nos folguedos populares já ocorressem há muito, o que justifica a inclusão daquele evento numa festividade oficial.

 

            A realização de corridas de touros à corda foi adquirindo ao longo dos tempos um conjunto de características, fixadas por normas e regras de cariz popular que hoje se encontram legalmente codificadas. Aquelas normas estabelecem os procedimentos de saúde e bem-estar animal a seguir em relação aos touros, os sinais correspondentes aos limites do arraial (riscos no chão), os sinais a utilizar na largada e recolha do touro (foguetes). Para protecção dos espectadores os touros não estão "em pontas", isto é, têm sempre a ponta dos chifres cobertas por algo que proporcione a protecção do espectador, as regras a seguir na armação dos palanques e na protecção dos espectadores e ainda a actuação dos capinhas (toureiros improvisados que executam sortes recorrendo a um guarda-sol, uma varinha, um bordão enconteirado ou uma samarra). 

 

            Muito antes da corrida, começam a chegar mulheres para tomar lugar nas janelas, muros e balcões das casas para onde foram convidadas. Cerca da uma hora da tarde chegam os toiros. Há alguns anos duas ou três vacas enchocalhadas - vacas de sinal - com um avanço de cinco minutos, seguiam adiante para anunciar aos transeuntes, que atrás vinha manada de gado bravo à solta. Os toiros apartados num curral da criação, saiam para a estrada acompanhados de vacas bravas com chocalhos ao pescoço e de pastores, uns atrás, outros adiante, seguidos dos cães de pastor, animais muito ligeiros que prestam enormes serviços no ajuntamento ou tresmalhe dos toiros. Caminhavam devagar, mas, quando entravam nos povoados, acelerava-se um pouco a marcha para os toiros se não espantarem e tresmalharem à vista das pessoas que apareciam pelas janelas e balcões.

 

            Ao entrarem no arraial, essa marcha convertia-se numa autêntica corrida até chegarem ao toiril, ou seja um lugar reservado, em cerrado ou boca de canada, todo rodeado de armação de tábuas onde se encurralava o gado. No toiril havia um caixão, recinto onde embotavam o animal e lhe amarravam a corda ao pescoço pelo sistema de             laçada. Hoje os toiros vêm metidos em caixões que são transportados em camionetas e postos em determinado local. Todo o trabalho assim se simplifica, como é menor o perigo da fuga de algum animal. 

 

            Como quer que seja após a chegada dos toiros, o arraial povoa-se mais e mais. Caminha-se pela estrada, pelo terreiro ou pela canada aos encontrões. Ranchos de raparigas garridamente vestidas, alegram as janelas, varandas, balcões e muros das casas, como festões de flores. Os rapazes fazem-lhes frente, falam-lhes de boca pequena e dizem galanteios. Vendedores ambulantes com cestos de asa, em ambos os braços, vendem tremoços, milho e favas torradas, amendoim e pevides apregoando "Olha a fava nova!... Quintinho!... Olh'ós salgadins! ... "

 

            O movimento é intenso e as vendas - de grossos paus dispostos verticalmente a meio das portas, para não deixar entrar o toiro, estão pejadas de gente. Há tascas improvisadas nas pontas do arraial ou dentro dele em lugar seguro, oferecendo graciosamente como puxavante o molho d'unhas: cozinhado de favas escoadas deitadas em cestos forrados de feitos, de onde as tiram à discrição e, depois de descascadas, as ensopam num único prato com vinagre, sal e massa de malagueta, reduzindo o conteúdo, ao cabo de pouco tempo, a uma massa acinzentada de tanto chafurdarem. Mas isso não importa e ao grito de "íamos dentro" a tasca mais e mais se enche ao passo que o tasqueiro não tem mãos a medir para encher os copos de vinho de cheiro.

 

            Um foguete atirado do toiril, anuncia que se vai proceder à embolação. Depois de amarrado o toiro, a corda sai por uma fresta do caixão e os homens da bolsa, começam a estendê-la para um dos lados do arraial em todo o seu comprimento. Pouco depois um foguete anuncia que vai sair o toiro. Toda a gente se dispersa atabalhoadamente, encontroando-se, empurrando-se, caindo. Uns trepam pelos buracos das paredes de pedra solta procurando poiso no cimo destas; outros escalam muros, outros refugiam-se nas vendas, nas tascas, ou na maior parte, procuram os extremos do arraial. Apenas alguns rapazes já graúdos se deixam ficar no caminho, a certa distância do toiril para verem mais de perto a saída do bicho e poderem capeá-lo.

 

            Então abre-se a porta do caixão e um grande alarido anuncia a saída da alimária, que, numa correria veloz leva adiante de si toda a gente que se encontra no caminho, fazendo igualmente deslocar-se, numa fuga desordenada a massa dos pacatos que na extremidade do arraial se dispunham a ver sossegadamente a corrida ao longe. Atrás segue a outra massa dos pacatos, da extremidade oposta, que deseja ver o que se passa adiante. Então o toiro pára e em volta faz-se um terreiro, onde apenas um ou outro mais audaz se afoita a passar correndo em frente ao toiro arremedo de toureiro pelintra; mas precisamente, quando o animal se dispõe a arremeter, logo outro, abanando um casaco o distrai da primeira arremetida e assim por algumas vezes até que o animal toma a querença. A expectativa é geral. Os pastores do meio da corda tentam puxar a rês, que já não obedece aos acenos dos que a provocam. Limita-se a escavar e a rugir, de língua de fora e baba pendente dos beiços. Então apresenta-se um homem de guarda-sol aberto e cita a alimária a uns metros de distância. É a sorte de guarda-sol.

 

            Esquiva-se o homem à arremetida, enquanto o toiro desperto, voltando-se em sentido contrário àquele em que ia, leva atrás de si o que era a vanguarda e adiante, o que era a retaguarda, com o que se não contava. Os homens da bolsa viram a mão e procuram refúgio numa venda ao passo que os do meio da corda se atiram contra as valetas de bruços, à míngua de outro abrigo mais seguro e todos na ânsia enorme, desaustinada, do salve-se quem poder, correm desordenadamente. Há cambrelas e basta um cair para muitos outros também caírem. Para as mulheres e para quem está em lugar seguro, há estridências de riso, gargalhadas, vaias, assobios, em esgares de contorções alvares, mormente quando algum se levanta esfarrapado de bragas à mostra nos fundilhos das calças. O toiro pára novamente, atónito, ofegante, esbaforido e reverte-se novamente à crença, como eles dizem. Das portas, das vendas, dos balcões, das varandas, das janelas, atiram-lhe com trapos velhos, batem as palmas e gritam: "Ê toiro"! O círculo de gente à volta da rês vai apertando, na confiança de animal cansado. Alguns aproximam-se em corrida veloz e tocam-lhe num galho; outros dão-lhe palmadas na nuca.

 

            Então um pastor do meio da corda, farto de ver "acanalhar o toiro", tenta pôr a corda sobre o lombo do animal e esticando-a atira-lhe uma verdascada violenta que o desperta. O toiro desperto pela chicotada arremete furioso e lança-se como um raio sobre a multidão enquanto que a corda desenrolando-se e esticando-se pela violência da corrida, atira com uns tantos incautos de encontro à parede ou ao chão em quedas espectaculares, tremendamente ridículas. Na frente não se contava com a corda falsa nem com este arranque formidavelmente súbito, e um dos fugitivos é colhido e esfrangalhado pelo animal. Das janelas, balcões e varandas, as mulheres soltam gritos de pavor, numa ânsia de pânico e da multidão levanta-se um clamor imenso. Homens afoitos correm para o toiro, pegam-lhe de cerneira e conseguem tirar a vítima das hastes do boi, enquanto que outros se agarram ao rabo e à cabeçada da corda para não o deixar arremeter.

 

            Estas colhidas, se na maior parte das vezes são cómicas e até ridículas, outras transformam-se em autênticas tragédias, chegando-se a tirar debaixo do toiro um moribundo ou um cadáver, ao passo que muitos têm sucumbido de lesões adquiridas nestas colhidas. Mas tais acidentes, trágicos que sejam, não impedem a continuação da tourada e o toiro livre da pega forçada, lá continua a carreira, levando na sua frente uma multidão e arrastando outra. Por vezes, investe contra a parede de um cerrado, pejada de gente e guinda para a parte de dentro, estabelecendo pânico e confusão.

 

            Uns saltam para fora, e outros inadvertidamente para o cerrado onde o toiro, em campo largo, arremete furiosamente contra tudo e todos, até que o tiram dali, à força de o puxarem pela corda. Novamente no arraial continuam as peripécias e assim continua o toiro a sua odisseia, até chegar a hora de o meterem novamente no toiríl. Um foguetão anuncia a recolha do cornúpeto, enquanto cá fora, no arraial o povo comentando as peripécias da corrida diz: "É um bicho de respeito"! Para os restantes toiros os factos repetem-se, mas, a corrida continua com o mesmo interesse e euforia.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 23:20

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

pesquisar
 
favoritos

A ORIGEM DO RISO

mais sobre mim
blogs SAPO