Esoterismo, Lendas, Mitos, Parapsicologia, Auto-Ajuda. kiber-sitherc@sapo.pt

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Out 10

 

            Conta-se nos açores que Nossa Senhora havia abençoado a aranha. Isso teria acontecido quando Nossa Senhora e São José, na companhia do Menino Jesus, iam a caminho do Egipto. Procurando despistar os soldados de Herodes, que se avizinhavam, a Sagrada Família apressou-se a tomar refúgio numa gruta.


            Foi então que uma aranha, com a maior rapidez, teceu uma enorme teia à entrada dessa gruta. Os soldados, quando por lá passaram, viram a teia e continuaram na marcha, convencidos que ninguém estaria na gruta, pois que a teia ter-se-ia rompido se alguém penetrasse nesse esconderijo.

 

            Também havia a crença nos Açores que as bruxas que transformavam em aranhas.

 

            No seu livro “Açores, Lendas & Outras Histórias”, Ângela Furtado Brum transcreveu a estranha metamorfose ocorrida na ilha Graciosa, em princípios do século passado, quando uma feiticeira, disfarçada em aranha, matava os bebés chupando-lhes o sangue.


           Desnecessário acrescentar que tal ocorrência é pura fantasia e simplesmente inacreditável.


            Uma outra lenda, muito engraçada e bastante ingénua, referia-se a um ferreiro que sofria de maleitas, e por isso bebia coisas azedas para se livrar delas. Visto que maleitas detestam coisas azedas, elas foram queixar-se a uma aranha, que vivia na casa dum homem rico.


            As maleitas tiveram conhecimento que a tal aranha andava descontente, porque as empregadas que faziam a limpeza na casa do homem rico, estavam sempre a desmanchar as teias que a aranha tecia.


            Determinaram, assim, trocar residências. As maleitas passaram a viver contentes na casa do homem rico, uma vez que este tomava coisas boas, enquanto a aranha sentiu-se feliz na companhia do ferreiro, visto que ele nunca limpava as teias da forja.


            O Dr. José Leite de Vasconcelos (Etnografia Portuguesa, Volume IX, Edição 1985), escreveu que uma tecedeira, sua vizinha, não se atrevia a desmanchar as teias de aranha, porque receava que o diabo lhe viesse enredar o trabalho no seu tear. Uma outra tecedeira estava convencida que a aranha era mais curiosa, mais desembaraçada e mais ligeira, do que ela própria. Há quem chame tecedeiras às aranhas, e há quem diga que as tecedeiras aprenderam com a aranha a fazer a mesma felpa.


            O Dr. Luís da Silva Ribeiro anotou que, nos Açores, são muitas as superstições associadas com as aranhas, e quase sempre mais ou menos ligadas a dinheiro.

 
            “Na Terceira quanto mais pequenas são melhor e, segundo alguns, para o dinheiro vir, devem matar-se com o dedo mínimo”. (OBRAS, Volume I, Ed. 1982). José Henrique Borges Martins (Crenças Populares da Ilha Terceira, Volume II, 1994), registou que é sinal de dinheiro ver uma aranha miúda, mas para obter o dinheiro mais depressa, deve matar-se a aranha com esta invocação: “Aranha morta, dinheiro à minha porta”. Acontece, porém, uma vez por outra, aparecer à porta uma carta ou uma prenda em lugar de dinheiro. Há ainda quem meta aranhas pequenas debaixo dum castiçal, retendo-as ali até receber o dinheiro.


            Em certas localidades era crendice imperativa examinar o tamanho e cor das aranhas. Se era pequenina e loura, era sinal de gosto, mas se era preta assinalava desgosto. As aranhas grandes serviam como prenúncio de mau tempo, mortes e zaragatas.   

       

            O saudoso “Mestre” Carreiro da Costa legou-nos a informação que São Bento, naturalmente porque foi eremita de grande austeridade e lidou com aranhas, “costuma ser invocado sempre que se vê uma aranha, sendo necessário cuspir três vezes. Caso contrário, a aranha irá ter à cama da pessoa, mais não seja para lhe pregar um susto”.


            Expressões populares têm, por exemplo, pernas de aranha (pessoa muito magra); andar às aranhas, ou seja, à toa; ver-se em palpos de aranha (achar-se em apuros); e ter teias de aranha (ilusões).


             Rezam os provérbios: “Quem não tem arte nem manha, morre no ar como a aranha”, e ainda “Guardou-se da mosca, comeu-o a aranha”.

 

PROF. KIBER SITHERC

 

 

kiber-sitherc@sapo.pt
publicado por professorkibersitherc às 00:30

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